GEPETO, O FUTURO CEO

A lição que esse ex-Gympass levou para a vida de CEO - e contou para uma IA

ILUSTRAÇÃO/CHATGPT

IA Gepeto conversa com Claudio Franco, CEO da startup Tivita

IA Gepeto conversa com Claudio Franco, CEO da startup Tivita; executivo compartilha lição

Publicado em 22/6/2025 - 12h00

"Liderança é menos sobre ter razão, e mais sobre ajudar o time a fazer boas perguntas e caminhar junto". Essa é uma das principais lições de Claudio Franco, CEO e cofundador da startup Tivita. Após uma trajetória de sucesso como CMO do Wellhub (ex-Gympass), o executivo trocou a vida corporativa pelo empreendedorismo — e, hoje, comanda a companhia que já atende mais de 700 clínicas e consultórios em todo o Brasil.

-> Clique e inscreva-se na "Entendendo que...", a newsletter de negócios e carreira do Economia Real!

"Prefiro dizer 'ainda não fazemos isso' com clareza, do que prometer algo só porque soa bem", diz Franco ao reforçar que transparência é o valor que jamais negocia, mesmo que isso signifique abrir mão de dinheiro ou oportunidades, em entrevista à inteligência artificial Gepeto, o Futuro CEO.

Todos os domingos, o Economia Real promove uma conversa entre um executivo e Gepeto, uma inteligência artificial que busca entender o que torna a liderança humana tão insubstituível. O quadro traz reflexões sobre gestão, cultura organizacional e os desafios reais de quem lidera negócios no Brasil.

Ao longo do bate-papo, Franco compartilha como equilibra o longo prazo com as demandas diárias e como prioriza o que realmente gera valor para os clientes. Em momentos de crise, ele diz que o caminho é sempre falar a verdade. "Não tento criar segurança artificial. Mostro os dados, compartilho os riscos e deixo claro o que sabemos e o que ainda está em aberto".

Fundada para automatizar processos administrativos e financeiros da saúde privada, a Tivita é uma fintech que já eliminou mais de 1 milhão de tarefas manuais em clínicas e consultórios por todo o país. A plataforma organiza a vida financeira dos estabelecimentos e permite que médicos foquem no que realmente importa: os pacientes. Em 2024, a empresa captou R$ 32 milhões em rodada liderada pelo fundo internacional FinTech Collective, com participação de investidores como K50 Ventures, MAYA Capital e SSV.

Formado em Engenharia Elétrica e da Computação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Claudio Franco atuou no Wellhub (ex-Gympass) e na Isaac antes de empreender com a Tivita.

diVULGAÇÃO/TIVITA

Claudio Franco, CEO da Tivita

Claudio Franco, CEO e cofundador da startup Tivita

Confira, a seguir, o bate-papo entre Gepeto e Claudio Franco:

GEPETO, O FUTURO CEO: Quais valores pessoais você nunca negociou, mesmo quando isso significou perder dinheiro ou oportunidades?

CLAUDIO FRANCO: Transparência. Já recusei oportunidades que demandavam ajustar nossa visão e percurso de negócio ou adotar um discurso que não condiz com o que vivemos na prática. Prefiro dizer "ainda não fazemos isso" com clareza, do que prometer algo só porque soa bem.

Qual decisão você tomou com base na intuição, e não nos dados, que mudou os rumos da sua empresa?

A gente costuma dizer que dados são essenciais, mas nem sempre eles chegam na velocidade que o negócio precisa. No caso da Tivita, uma das decisões mais intuitivas foi apostar em automação com agentes digitais antes que o mercado pedisse isso de forma explícita. Os dados mostravam que clínicas perdiam muito tempo com tarefas manuais, mas não mostravam onde exatamente isso doía mais.

Em conversas informais, escutei várias vezes frases do tipo "minha secretária passa horas por dia preenchendo notas fiscais e guias de plano de saúde". Era algo quase invisível, mas constante. A decisão de começar pela automação de Contas a Receber veio daí. Hoje, essa aposta é uma das razões pelas quais a Tivita se diferencia no mercado.

Em momentos de crise, o que você faz para manter seu time motivado e coeso, mesmo sem ter todas as respostas?

Falo a verdade. Não tento criar segurança artificial. Mostro os dados, compartilho os riscos e deixo claro o que sabemos e o que ainda está em aberto. Isso gera respeito e engajamento muito maiores do que fingir que está tudo sob controle.

Como você equilibra visão de longo prazo com as demandas operacionais do dia a dia?

Fazendo boas escolhas do que deixar de lado. A estratégia, pra mim, não é um documento bonito, é uma decisão sobre o que não vamos fazer agora. Temos rituais muito claros para manter o time alinhado com o futuro, mas isso só funciona porque conseguimos traduzir esse futuro em entregas concretas semana após semana e que, necessariamente, geram valor para nossos clientes

Quais indicadores você acompanha com mais atenção para medir a saúde do negócio?

O que me importa é o equilíbrio entre custo de aquisição e geração de valor real. Um negócio saudável, pra mim, é aquele em que a estrutura cresce sem ficar pesada demais. Acompanho de perto o CAC (Custo de Aquisição de Clientes), mas ele isolado não diz nada.

O que realmente observo é a relação entre o quanto investimos para trazer um cliente e o quanto ele usa, permanece e recomenda. Se essa conta fecha de forma natural, sem depender de esforço excessivo, é sinal de que estamos num ponto bom de eficiência econômica. Quando esse equilíbrio se rompe, a escala pode acabar escondendo fragilidade.

Como você forma, desenvolve e retém líderes dentro da empresa?

Dou contexto antes de dar o desafio. Pessoas crescem quando entendem a lógica por trás das decisões. Também erro menos quando deixo claro o que está em jogo e confio antes do tempo ideal. Ninguém vira líder de verdade se não puder tomar decisões que importam.

Além disso, valorizo muito mais a capacidade de jovens líderes de resolver problemas complexos e engajar pessoas do que necessariamente suas experiências anteriores. Como exemplo, um dos nossos líderes mais jovens tem 23 anos e fez suas primeiras contratações aqui na Tivita

Qual foi o maior erro de gestão que você cometeu e o que aprendeu com ele, como pessoa?

Demorei demais pra tirar do time uma pessoa tecnicamente boa, mas que minava o clima e a cultura. Aprendi que competência sem alinhamento corrói silenciosamente. Cultura não se protege com slogans, se protege com decisões difíceis.

Se você tivesse que ensinar uma única lição sobre liderança para um jovem que está começando, qual seria?

Não tente parecer invencível. Um bom líder sabe dizer "não sei", mas não se esconde atrás disso. Vai atrás, escuta, ajusta e volta com clareza. Liderança é menos sobre ter razão, e mais sobre ajudar o time a fazer boas perguntas e caminhar junto.

O que você, como pessoa física, faz para alcançar uma liderança de alta performance?

Passar tempo com meus filhos é o que mais me ancora. Faço questão de levá-los na escola e almoçar com eles sempre que posso. Esses momentos me lembram do que realmente importa e me ajudam a colocar as coisas em perspectiva. Estou também voltando a pedalar — é uma forma de cuidar do corpo, mas também de liberar a mente. Quando consigo manter esses rituais, minha clareza como líder aumenta naturalmente.

O que você acredita que nenhuma inteligência artificial conseguirá substituir no papel de um líder?

A capacidade de gerar confiança entre pessoas. Uma IA pode tomar decisões com base em dados, mas dificilmente conseguirá criar vínculo genuíno. E sem vínculo, ninguém segue de verdade. No final, liderança é sobre formar alianças — e isso é profundamente humano.

comentáriosComente esta notícia

Últimas notícias

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Economia Real