GOLPISTA DE LUXO

Falso empresário usa jatinho e imóveis falsos em golpe de R$ 40 milhões

REPRODUÇÃO/RECORD

João Eustáquio de Almeida Júnior em frente a um avião

João Eustáquio de Almeida Júnior; falso empresário é acusado de golpe milionário em SP e MG

Publicado em 26/5/2025 - 11h46

Enquanto viajava de helicóptero e ostentava carros de luxo, João Eustáquio de Almeida Jr. teria causado prejuízos superiores a R$ 40 milhões aos empreendedores. O suposto empresário é acusado de estelionato em São Paulo e Minas Gerais após prometer retornos financeiros rápidos em investimentos no mercado imobiliário. Ele não quis se manifestar sobre as acusações.

"É um monstro. Vive em uma realidade paralela e, para sustentar isso, precisa sempre enganar alguém", desabafa Bárbara Mendes em entrevista ao Domingo Espetacular, da Record. Ela e o marido, Vinícius Rodrigues, conheceram o suposto golpista durante a pandemia da Covid-19, quando ele apresentou um empreendimento imobiliário fictício de alto padrão em Gramado (RS).

Para convencer o casal, Almeida Jr. exibia vídeos e maquetes do projeto inexistente. "Ele perguntou se eu tinha vontade de ver meu dinheiro crescer. Aí retruquei: 'Crescer quanto?'. Ele respondeu: 'Você vai ver ele multiplicando por dez'", recorda a empresária.

O casal abriu uma nova empresa e começou a recrutar investidores para o projeto — entre eles, os pais de Rodrigues, que venderam a casa própria em Belo Horizonte (MG) e entregaram todas as economias ao golpista. "Já sei que tudo está perdido. O que eu precisava era da nossa dignidade, paz e alegria de volta. Tudo foi destruído", lamenta Giselia Rodrigues, mãe do empresário.

Segundo a reportagem da Record, Almeida Jr. não aparece como sócio da empresa criada por Bárbara e Vinícius. Devido a essa ausência jurídica, o casal responde a 30 ações na Justiça, por inadimplência e estelionato, movidas por outras vítimas do golpe.

Em Belo Horizonte, a cantora Carolina Cândido também afirma ter sido vítima. Menos de uma semana após conhecer o "empresário", foi convencida a vender o próprio carro para investir no negócio. Depois, iniciou um relacionamento com ele e se mudou para Florianópolis (SC) para viver junto ao então companheiro.

Era uma mansão alugada que ele dizia ser dele, na região de Jurerê Internacional. Usava o imóvel para impressionar investidores e me pedia que enviasse propostas à minha rede de contatos", relata Carolina.

Assim como fizera com a família Rodrigues, Almeida Jr. convenceu a sogra a vender seu apartamento e investir o valor no negócio. Após a venda, a senhora foi despejada do imóvel alugado pelo farsante e passou a morar de favor com o atual genro. Carolina estima que as dívidas deixadas pelo ex-companheiro em seu nome somam, no mínimo, R$ 2 milhões.

"Não consigo alugar nada em meu nome. Não tenho carro para me locomover. Estou com minha mãe, de 68 anos, e não temos um lugar para ir", desabafa.

Golpe do 'rei do gado'

A operação mais recente de Almeida Jr. teria sido a compra de uma fazenda cinematográfica em Itapetininga (SP), onde viveu por cinco meses. A propriedade, de 300 hectares, nunca foi paga.

"Ele falava em construir um condomínio de luxo, pousava de helicóptero e dizia que estava comprando terras em Alphaville. Mas era só conversa fiada", conta o advogado Eli Alves da Silva, dono da fazenda.

Ao retomar a posse da propriedade, o advogado descobriu que o golpista havia vendido equipamentos agrícolas e cabeças de gado abaixo do preço de mercado, apenas para levantar dinheiro rapidamente. "Ele me mandou mensagens em tom ameaçador, tentando se colocar como vítima. Não tem outra definição: é cara de pau", afirma Silva.

João Eustáquio de Almeida Jr. foi procurado pela equipe da Record durante duas semanas, mas não quis se manifestar. Na última sexta (23), o advogado indicado por ele também recusou gravar entrevista, alegando que "não se sentia confortável para falar em nome de João Eustáquio, pois isso feriria os princípios em que acredita".

O Ministério Público de São Paulo solicitou informações à Polícia Federal sobre a existência de uma investigação envolvendo as empresas e os empresários lesados pelo suposto golpista.

Confira a reportagem na íntegra:

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