GEPETO, O FUTURO CEO
ILUSTRAÇÃO/CHATGPT
IA Gepeto conversa com Marcelo Mearim, CEO da operação brasileira da healthtech Sofya
Publicado em 15/6/2025 - 7h00
Com mais de duas décadas de experiência em grandes empresas, Marcelo Mearim admite que "em nossa busca incessante pela inovação, nos esquecemos de um princípio fundamental: o básico bem feito". O CEO da operação brasileira da healthtech Sofya acredita que mesmo em ambientes de transformação, a consistência nos fundamentos é o que sustenta o progresso.
"A inovação não deve ser uma ruptura, mas uma evolução do que já funciona. Por mais que a inovação seja necessária, é essencial garantir que as bases sólidas que já estão funcionando não sejam deixadas para trás", diz Mearim à inteligência artificial Gepeto, o Futuro CEO.
Todos os domingos, o Economia Real promove uma conversa entre um executivo e Gepeto, uma inteligência artificial em processo de aprendizado sobre liderança, cultura organizacional e o papel insubstituível da experiência humana na gestão de negócios.
Pioneira no uso de inteligência artificial para otimizar consultas médicas, a Sofya automatiza a transcrição das interações entre médicos e pacientes, além de estruturar os dados clínicos de forma rápida e precisa. A tecnologia se integra diretamente aos sistemas de prontuário eletrônico, reduz a carga de trabalho dos profissionais e melhora a experiência de atendimento presencial e por telemedicina.
Ao refletir sobre a própria trajetória, Mearim destaca que o valor que jamais negocia é o tempo com a família. "Esse equilíbrio é fundamental para a minha saúde mental e produtividade. Colocar minha família em primeiro lugar me faz um líder melhor", diz.
Com passagens por empresas como Philip Morris, Telefônica (Vivo), Cogna (Kroton), Dasa e HiLab, Mearim acumula mais de 24 anos de experiência em setores diversos, com um olhar cada vez mais centrado em propósito e impacto. O executivo é formado em Engenharia de Produção pelo Instituto Mauá de Tecnologia, com MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e cursos de educação executiva nas universidades Harvard e Pennsylvania, ambas nos Estados Unidos.
divulgação/wellington nemeth
Marcelo Mearim, CEO da Sofya no Brasil
Confira, a seguir, o bate-papo entre Gepeto e Marcelo Mearim:
GEPETO, O FUTURO CEO: Como você equilibra visão de longo prazo com as demandas operacionais do dia a dia?
MARCELO MEARIM: Essa questão é particularmente interessante para mim, pois ao longo da carreira meu foco foi mudando. Hoje, liderando uma startup, o foco maior acaba sendo no curto prazo devido à necessidade de lidar com os desafios e pressões do dia a dia.
Contudo, nunca perco de vista a visão de longo prazo, pois acredito que o que fazemos no presente deve sempre estar alinhado com o futuro da empresa. As transformações do setor e a busca por diferenciação são sempre preocupações constantes que me ajudam a tomar decisões estratégicas, mesmo quando estamos imersos nas demandas diárias.
Quais indicadores você acompanha com mais atenção para medir a saúde do negócio?
Para medir a saúde do negócio, os indicadores que acompanho com mais atenção são fluxo de caixa, quantidade de consultas por mês e novos leads. O fluxo de caixa é essencial para garantir a sustentabilidade financeira, enquanto a quantidade de consultas e novos leads ajuda a avaliar o crescimento e a demanda do serviço. Esses três pontos são fundamentais para a gestão eficiente de uma startup como a minha.
Em momentos de crise, o que você faz para manter seu time motivado e coeso, mesmo sem ter todas as respostas?
Em momentos de crise, o mais importante é ser transparente com a equipe. Quando não tenho todas as respostas, compartilho isso de forma honesta, mas sempre com uma visão positiva de que estamos todos juntos nesse processo.
É vital criar um ambiente onde o time se sinta parte da solução, mantendo a confiança e motivação. Mesmo sem todas as respostas, a união da equipe e o comprometimento com a missão da empresa são o que nos mantém fortes.
Como você lida com inovação sem perder o foco no que já funciona?
Muitas vezes, em nossa busca incessante pela inovação, nos esquecemos de um princípio fundamental: o básico bem feito. A inovação não deve ser uma ruptura, mas uma evolução do que já funciona.
Por mais que a inovação seja necessária, é essencial garantir que as bases sólidas que já estão funcionando não sejam deixadas para trás. Inovar é importante, mas não podemos perder de vista o que já está dando certo e está bem estruturado.
Como você forma, desenvolve e retém líderes dentro da empresa?
Formar e desenvolver líderes dentro da empresa requer dar espaço para que eles possam se desenvolver e, em alguns momentos, "colocá-los na fogueira". Isso significa desafiá-los, oferecendo novas responsabilidades e permitindo que tomem decisões importantes.
No entanto, sempre atento para não deixá-los se "queimar". Criar um ambiente de confiança e desenvolvimento contínuo é essencial para reter bons líderes e fazer com que eles se sintam motivados a crescer dentro da empresa.
Qual é a sua abordagem para feedbacks difíceis com times ou executivos?
Para feedbacks difíceis, acredito que o melhor caminho seja a transparência e o respeito. Ao dar feedback, sou claro sobre o que precisa ser melhorado, mas sempre com foco construtivo e buscando uma solução. Além disso, ao final de cada conversa, busco garantir que a mensagem tenha sido assimilada, confirmando o entendimento da outra pessoa e alinhando os próximos passos.
Qual foi o maior erro de gestão que você cometeu e o que aprendeu com ele, como pessoa?
Não me recordo de um erro específico que tenha sido o maior, mas acredito que um dos aprendizados mais importantes foi relacionado à delegação. No início da minha carreira, tive dificuldades em delegar tarefas e confiar completamente na minha equipe.
Com o tempo, aprendi que delegar não significa abrir mão do controle, mas confiar nas pessoas e dar-lhes autonomia. Esse foi um aprendizado importante para crescer como líder e evitar sobrecarga.
Quais valores pessoais você nunca negociou, mesmo quando isso significou perder dinheiro ou oportunidades?
Um valor que nunca negociei, mesmo quando isso significou abrir mão de oportunidades ou até dinheiro, é o tempo com minha família. Sempre acreditei que, por mais importante que o trabalho seja, a família é o centro da minha vida.
Esse equilíbrio é fundamental para a minha saúde mental e bem-estar. Quando coloco minha família em primeiro lugar, me sinto mais equilibrado e produtivo, o que acaba refletindo positivamente no trabalho.
O que você, como pessoa física, faz para alcançar uma liderança de alta performance?
Para alcançar uma liderança de alta performance, pratico esportes como kitesurf e wakesurf, que me ajudam a manter o foco, melhorar a resistência e encontrar equilíbrio.
Além disso, sempre que possível, busco viajar com minha família. Essas viagens não são apenas uma forma de relaxar, mas também uma oportunidade de aprender sobre diferentes culturas e enriquecer minha visão de mundo, o que acaba refletindo no meu trabalho como líder.
O que você acredita que nenhuma inteligência artificial conseguirá substituir no papel de um líder?
Acredito que a inteligência emocional e a capacidade de inspirar confiança e motivar as pessoas são qualidades que nenhuma IA conseguirá substituir. Um líder precisa tomar decisões éticas, conectar-se genuinamente com sua equipe e ser capaz de enfrentar momentos de incerteza com empatia e transparência. Essas são habilidades humanas que, por mais que a IA evolua, nunca poderão ser replicadas de forma autêntica.
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