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IVAN SAMKOV/PEXELS
Influenciadora gravando vídeo para redes sociais; Marketing de influência está em reavaliação
Publicado em 21/6/2025 - 11h30
O marketing de influência teve um crescimento explosivo nos últimos cinco anos, impulsionado por fatores como a digitalização acelerada e o aumento do uso das redes sociais durante a pandemia da Covid-19. Agora, o mercado passa por uma nova fase: menos glamour e mais estratégia. As marcas reavaliam suas parcerias com influenciadores digitais e priorizam autenticidade, engajamento real e retorno sobre investimento.
"Os influenciadores têm um papel forte na divulgação das marcas, isso é um fato. Mas, para que isso funcione, não dá mais para fazer como era há três ou quatro anos, com campanhas engessadas, roteiros prontos e uma enxurrada de marcas sendo promovidas ao mesmo tempo", afirma Edy Vitorino, CEO e cofundadora do Grupo if, hub de criatividade no mercado de live marketing, em entrevista ao Economia Real.
Segundo dados da Latam Intersect PR, o nível de confiança do público nas postagens patrocinadas por influenciadores na América Latina caiu de 58,1% em 2022 para 37,7% em 2024. Além disso, 77% dos consumidores preferem avaliações de usuários comuns, enquanto apenas 7,6% confiam em conteúdo de influenciadores pagos.
Com esse novo cenário, o modelo de "briefing fechado", com campanhas roteirizadas e pouco naturais, praticamente desapareceu. As marcas agora envolvem os influenciadores desde a concepção da campanha para garantir que o conteúdo seja genuíno e se encaixe no estilo de comunicação de cada criador.
"Hoje, o que percebemos é que para a influência ser realmente efetiva, a marca precisa entender o público do influenciador e fazer uma co-criação. Não dá mais para entregar um produto que o influenciador nunca usou e esperar um resultado positivo", reforça a especialista.
O resultado dessa mudança? O mercado passou a valorizar menos as chamadas métricas de vaidade, como curtidas e número de seguidores, e olhar mais para indicadores qualitativos, como taxa de engajamento, comentários, salvamentos e percepção de valor.
Com isso, microinfluenciadores ganharam espaço. Embora tenham audiências menores, mantêm uma conexão mais próxima e orgânica com seus seguidores, o que gera maior impacto em campanhas de marketing.
diVULGAÇÃO
Edy Vitorino e Fabio Gonçalves
Paralelamente à busca por autenticidade, outro fenômeno cresce no mercado de marketing de influência: a transformação de criadores em empreendedores. Segundo Fabio Gonçalves, diretor de talentos internacionais da Viral Nation e especialista no setor há mais de 10 anos, a tendência é clara: os influenciadores estão criando suas próprias marcas ou buscando parcerias estratégicas para diversificar suas fontes de receita.
"Os dois movimentos acontecem em paralelo, mas o que mais temos visto é a criação de marcas próprias. Muitos criadores entenderam que são, na prática, uma empresa com alto poder de engajamento e conexão com o público", explica Gonçalves.
Entre os negócios mais comuns estão cursos online, mentorias, comunidades, podcasts, produtos de assinatura e infoprodutos. Também há um aumento nas sociedades com startups, marcas consolidadas e até outros influenciadores, como forma de dividir riscos e ampliar o alcance.
A principal razão para esse movimento? Insegurança com a instabilidade das plataformas e o amadurecimento financeiro dos criadores. "As mudanças constantes de algoritmo e a queda do alcance orgânico aumentaram a preocupação com a renda de longo prazo", destaca o executivo. "Criar ativos próprios é uma forma de fugir da lógica do conteúdo efêmero."
O movimento já gerou histórias de sucesso no Brasil e no exterior. Lá fora, nomes como Emma Chamberlain, com sua marca de cafés, e MrBeast, com sua linha de snacks e estúdios de produção, são referência.
No Brasil, influenciadoras como Camila Coutinho e Camila Coelho expandiram seus negócios para o setor de beleza. Já Nath Finanças virou referência ao transformar sua audiência em uma plataforma de cursos de educação financeira.
O que une todas essas transformações é a busca por autenticidade, sustentabilidade financeira e engajamento real. "Hoje, o sucesso de uma campanha não depende apenas de alcance, mas da capacidade de gerar conexão verdadeira e entregar valor ao público", conclui Edy.
A era da influência fácil ficou para trás. Agora, quem quiser continuar relevante no marketing de influência precisa entender que construir comunidade, pensar a longo prazo e entregar valor real não são mais diferenciais. São o mínimo esperado.
Colaborou GABRIELA PESSANHA.
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