OUTRA MENTALIDADE

Com R$ 475 tri, 'geração Afonso Roitman' mexe no futuro das fortunas

REPRODUÇÃO/GLOBO

Imagem de Humberto Carrão como Afonso Roitman na novela Vale Tudo, da Globo

Humberto Carrão como Afonso Roitman na novela Vale Tudo, da Globo; herdeiros mudam fortunas

Publicado em 26/5/2025 - 10h47

Pessoas com menos de 40 anos, das gerações millennial (nascidos entre 1984 e 1995) e Z (entre 1995 e 2009), começaram a redefinir os padrões de consumo e investimento ao herdarem fortunas de familiares baby boomers (nascidos entre 1947 e 1963). Na prática, herdeiros como Afonso Roitman (Humberto Carrão na novela Vale Tudo) têm nas mãos o poder de movimentar cerca de R$ 475 trilhões até 2045 — cifra 40 vezes maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024.

"Não são apenas os números que mudam, é a mentalidade. A riqueza é mobile, plural e sensível a valores sociais e ambientais", aponta Eron Falbo, sócio e responsável pela operação brasileira da Multipolitan, plataforma especializada em mobilidade global.

De acordo com o relatório Navigating the Future of Wealth 2024, realizado pela companhia, essa transferência familiar de riqueza já ocorre em diversos mercados ao redor do mundo. Ao longo deste ano, a tendência é que o processo se intensifique. Um estudo do Bank of America mostra que 80% dos jovens investidores buscam alternativas aos ativos tradicionais.

"Diferente dos investidores tradicionais, esses novos protagonistas do mercado não estão satisfeitos com ações e títulos convencionais. Eles buscam retornos diferenciados, impacto social e conexão com seus valores pessoais, moldando uma nova forma de enxergar o dinheiro e o futuro", afirma Arthur Farache, CEO da Hurst Capital, plataforma especializada em ativos alternativos.

De olho nesse movimento, o mercado de migração de investimentos (transferência de fortunas entre países) movimenta cerca de R$ 118,7 bilhões por ano.

"Em 2025, o marketing eficaz será aquele que abandona suposições e realmente entende o ser humano do outro lado da tela. As marcas precisam se relacionar com pessoas reais, reconhecendo que essa geração cresceu e assumiu responsabilidades com perspectivas mais profundas", alerta Pedro Campos, executivo de marketing e especialista em comportamento digital.

Mudança reflete no mercado de luxo

No setor de luxo, o valor de um Mercedes-Benz 300SE Cabriolet dobrou na última década, com valorização média anual de 14%, superior ao rendimento do ouro.

Lilian Marques, CEO da Front Row, empresa fundada em 2015 para revenda de peças novas e seminovas de alto padrão, afirma que 25% de seus clientes compram bolsas Hermès com perfil de investidor.

Alguns nem utilizam o item e mantêm o objeto em estado ideal para futura revenda. "As compras deixaram de ser meramente para consumo e passaram a ser uma escolha estratégica de médio e longo prazo", conta a empreendedora.

No mercado de arte como investimento, o comportamento se repete. "A procura aumentou, principalmente após notícias de investimentos que pareciam seguros e se mostraram frágeis. Mas nos sentimos desafiados todos os dias a aumentar a rentabilidade e mitigar riscos", diz Ana Maria Lima de Carvalho, head de Investimento em Obras de Arte da Artk, braço da Hurst Capital.

A última operação registrou retorno de 35% ao ano para os investidores. A transação, realizada por meio de certificados de recebíveis, consistiu na concessão de crédito com garantia lastreada em obras de arte, com o objetivo de viabilizar a participação de galerias em feiras internacionais.

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