Ele cumpriu a promessa de ano novo e faturou meio bilhão de reais sozinho

Fazer promessas de Ano Novo é fácil. Difícil é cumprir! Na virada de 2014 para 2015, o mineiro Matheus Beirão decidiu levar a sério a meta de construir uma "Netflix do exercício" e, assim, nasceu a Queima Diária, uma plataforma de videoaulas fitness por assinatura que superou a marca de R$ 500 milhões em faturamento sem precisar de investimento externo.

"Ia à academia no final do dia e, naquele horário, sempre estava lotada. Aí comecei a consumir cursos de um personal trainer americano que usava exercícios com o peso do corpo, que eu poderia fazer na parte mais vazia. E pensei: 'Isso não tem aqui no Brasil'. Resolvi testar esse formato com dois personal trainers e construímos os primeiros programas", recorda Beirão em entrevista exclusiva ao Economia Real.

Aos poucos, ele percebeu a oportunidade de transformar o modelo em um negócio, enquanto se aprofundava no universo do marketing digital com o lançamento de cursos online para o mercado imobiliário e da comunicação.

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"Era fácil lançar curso, escrever a copy, gravar e vender. Mas eu não via isso como construir um negócio de verdade", detalha. Com esse desejo em mente, Beirão aproveitou a virada de 2014 para 2015 para investir todas as suas fichas na plataforma fitness.

O projeto ganhou força com programas como o Mamãe Sarada, voltado para mulheres que passaram por uma gravidez. "Foi um sucesso porque falava com um público muito específico e resolvia uma dor real. Isso mostrou o poder do nicho e da personalização", diz.

No início, o modelo era simples: assinatura mensal de R$ 19. Mas, com um custo de aquisição de R$ 60 por cliente, era difícil escalar sem capital. A virada veio com a criação da assinatura anual parcelada, algo inédito no Brasil. "Fui à Hotmart e pedi que desenvolvessem essa possibilidade. Em 2018, lançamos o modelo que usamos até hoje", explica.

A nova versão da plataforma se consolidou como uma referência em videoaulas fitness, com mais de 170 programas de treino e uma vertical paralela voltada para nutrição. O modelo de assinatura trouxe previsibilidade de receita e aumentou o valor de mercado do negócio.

Eu queria criar um negócio vendável, que funcionasse sem depender da minha imagem. O pessoal só pensa no próximo 6 em 7, mas não tem empresa de verdade por trás", reforça.

Mais do que um curso, um negócio

Para a reportagem, Beirão ressalta que, desde o início da Queima Diária, seu foco sempre esteve na operação da empresa — com análise de DRE (Demonstração do Resultado do Exercício), negociação de taxas e investimentos em tráfego pago e copywriting. "Quem domina esses dois elementos pode vender qualquer coisa", afirma.

Assim, o empreendedor vendeu o controle da companhia para o grupo Smart Fit em 2020. Os valores da negociação são mantidos em sigilo, mas encontram-se na "casa dos nove dígitos", ou seja, um número igual ou superior a R$ 100 milhões.

Só no Instagram, a página da empresa acumula mais de três milhões de seguidores. Porém, na contramão dos principais empresários do mercado digital, Beirão tem menos de 10 mil seguidores na sua página pessoal.

"Posso não ser tão conhecido quanto alguns influenciadores, mas a minha empresa é. E ela não depende só de mim para crescer. É preciso sair do ego e entender que construir uma empresa real, com estrutura e visão de longo prazo, é o que realmente muda o jogo", finaliza.