MERCADO AQUECIDO
DANIELLE CERULLO/UNSPLASH
Equipamentos de academia; importações crescem e setor deve permanecer aquecido até 2030
Publicado em 5/5/2025 - 6h15
Ser fitness está na moda tanto na vida pessoal quanto nos negócios. O número de centros de atividades físicas no Brasil triplicou nos últimos dez anos e, no ano passado, chegou a marca de 56,8 mil unidades. Esse ritmo segue em 2025: só no primeiro trimestre, as importações de equipamentos para academias cresceram cerca de 60%, o que movimentou mais de R$ 330 milhões.
"Temos um aumento na demanda por equipamentos premium, o que demonstra o interesse do mercado por produtos de alta qualidade. Naturalmente, há uma mudança no comportamento do consumidor", explica Luis Carlos Berti, professor do curso de Administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em entrevista ao Economia Real.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), no primeiro trimestre de 2024, a balança comercial de produtos fitness movimentou R$ 207 milhões. Quando comparado com os R$ 330 milhões do começo deste ano, o crescimento foi de 59%.
O panorama setorial Fitness Brasil, realizado pela entidade homônima, mostra que de 2020 para 2024, o número de centros de atividades físicas cresceu 36,8%. Esse interesse do público impacta diretamente o faturamento de empresas que importam produtos para o setor fitness, como a catarinense Uplift Fitness.
"No começo do ano passado, quando faturávamos R$ 300 mil ou R$ 400 mil, já era considerado um mês excelente. Hoje, nosso faturamento médio mensal está em R$ 1 milhão. Acreditamos que, por volta de agosto, vamos superar a marca de R$ 1,5 milhão", detalha Felipe Bonatti, CEO e cofundador da empresa.
Antigamente, as academias eram menores, geralmente comandadas por um único proprietário e com equipamentos mais simples. Hoje, as grandes redes dominam. Algumas, inclusive, estão listadas na Bolsa, como a SmartFit", aponta o empresário.
Além do crescimento das grandes redes, celebridades reforçam o marketing dessas companhias em todos os cantos do Brasil. "Vemos grandes redes se expandindo. Aqui na minha cidade (Joinville/SC), temos uma unidade da SmartFit, outra de uma rede que tem o Felipe Titto como garoto-propaganda, além da Sky Fit, que já teve o Lucas Lucco como rosto da marca", exemplifica.
DIVULGAÇÃO/UPLIFT E SPEEDO
Bonatti, Yuri Demetrio (Uplift) e Roberto Jalonetsky (Speedo)
Com a expansão do mercado, Berti defende a necessidade de nacionalizar a produção de equipamentos e produtos fitness no Brasil: "Quem analisa os dados do setor de fitness precisa olhar com atenção para a nacionalização. Isso é fundamental".
Você começa com a importação, aprende a tecnologia, identifica fornecedores e, depois, parte para o desenvolvimento de um produto nacional. Isso reduz custos e mitiga os riscos cambiais", explica o docente.
A Speedo Multisports é uma das empresas que adotou essa estratégia. A empresa desenvolve produtos como óculos para natação e roupas esportivas em fábricas brasileiras. Em outra vertente, importa equipamentos de academia como esteiras.
"Em um cenário de incertezas e instabilidade global, o empresário que não acompanha as inovações corre sério risco. Sobreviver à crise exige adaptação rápida e visão estratégica, pois com esta visão o momento de crise e incerteza pode ser visto como oportunidade para alguns setores", diz Roberto Jalonetsky, CEO da companhia anfíbia.
A empresa tem uma parceria exclusiva com a Casa do Fitness, o que permite a entrada dos equipamentos próprios nas academias de redes como BlueFit, SellFit e Companhia Atlética.
"Os grandes grupos estão investindo em modelos mais integrados, que incluem treinamento, saúde mental e alimentação. Esse ecossistema favorece a inovação e impulsiona a produção local", complementa Berti.
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