DINHEIRO E SAÚDE MENTAL

Você dorme mal ou vive ansioso? A culpa pode ser do seu boleto

KATRIN BOLOVTSOVA/PEXELS

Cérebro com lâmpadas ao redor

Cérebro com lâmpadas ao redor; entenda como as dívidas afetam a saúde mental dos brasileiros

Publicado em 22/7/2025 - 10h26

Você já parou para pensar que dinheiro e saúde mental estão totalmente conectados? Pois é! Uma pesquisa da Febraban divulgada nesta semana mostrou que, para 77% dos brasileiros, o emocional vai por água abaixo quando o assunto é dívida.

Um estudo do Centro de Estudos Sociais da Universidade Estadual do Ceará (UECE) também reforça essa ligação: quem está endividado sofre mais com depressão, insônia e chega a depender de medicamentos como antidepressivos ou para dormir. Ou seja: dívida não é só um problema financeiro, é um baita problema de saúde mental.

Esse combo de ansiedade, tristeza, frustração e aquele sentimento de impotência afeta o sono, a produtividade no trabalho e até a saúde física. Para você ter ideia, a Serasa identificou que 76% dos endividados afirmam que as dívidas afetam até o desempenho no emprego. E não estamos falando de pouca gente: o Brasil tem hoje 71 milhões de inadimplentes.

A situação fica ainda mais crítica com a taxa Selic elevada, que pressiona os juros — atualmente em torno de 15% ao ano. Em janeiro, 20,8% das pessoas comprometeram mais da metade da renda só para pagar dívidas, o maior índice desde 2024. E a consequência aparece na farmácia: 43% dos endividados gastam com remédios para tentar controlar a ansiedade e o estresse — o que pesa ainda mais no bolso.

Ah, e esse problema não é exclusivo do Brasil. Segundo o Fórum Econômico Mundial, problemas de saúde mental ligados às finanças podem reduzir a expectativa de vida em até 13%. Até 2030, o prejuízo global com isso deve chegar a US$ 15 trilhões. No Brasil, a queda de produtividade causada por estresse financeiro representa um impacto de R$ 78 bilhões, segundo a London School of Economics.

Como a educação financeira pode salvar você desses perrengues

Mesmo com tanto conteúdo disponível sobre educação financeira — nos bancos, na internet, nas redes sociais — 74% dos brasileiros ainda sentem que sabem pouco ou nada sobre o assunto, segundo a Febraban. A boa notícia? 9 em cada 10 pessoas reconhecem que precisam aprender mais para organizar a vida financeira.

E organizar, nesse caso, é cortar gastos e começar a poupar o quanto antes: seja para emergências, para comprar uma casa ou até para a aposentadoria (sim, ela existe e deve ser planejada bem antes dos 50!).

Na pesquisa, 60% disseram que conseguem poupar ou investir quando dá, enquanto 29% afirmaram que simplesmente não sobra nada no fim do mês.

Guardar dinheiro precisa ser a primeira coisa que você faz quando o salário cai, não a última. Se esperar sobrar, já era! Ter uma reserva traz alívio emocional e evita que você se endivide diante de imprevistos.

Mas antes de poupar, vem o básico: olhar de frente para o orçamento. Muita gente sofre com fobia financeira — aquele medo real de abrir boletos, olhar extratos e encarar a conta bancária. Mas quanto antes você encarar, melhor para o seu "eu do futuro".

Fazendo seu orçamento na vida real

  1. Não gosta de Excel? Relaxa! Um caderno e um lápis resolvem.
  2. Comece anotando tudo semanalmente, especialmente os gastos que mudam mês a mês. Vai precisar de disciplina, mas vale cada esforço.
  3. Anote os gastos fixos: aluguel, condomínio, luz, água, internet, transporte, fatura do cartão...
  4. Depois os variáveis: supermercado, delivery, farmácia, salão, rolês... é aqui que muita gente se perde.
  5. No fim do mês, veja se a soma bate com sua renda. Se não bater, é hora de cortar gastos ou pensar em renda extra (vender algo parado em casa também ajuda!).
  6. Converse com a família. Explique que mudanças virão, mas que o objetivo é realizar sonhos — uma viagem, uma casa, um carro. Poupar por poupar é chato. Dê um nome para o dinheiro: "essa reserva é para a aposentadoria", "essa é para viagem em família", e assim por diante.
  7. A Regra 50/30/20 Pode Ajudar: 50% da renda para necessidades básicas; 30% para lazer e desejos; 20% para poupança ou investimentos

E se você estiver atolado em dívidas?

A prioridade é renegociar. Dá pra negociar diretamente com o banco ou acessar o site da Serasa, que tem parceria com mais de 1,4 mil empresas e oferece descontos online para regularizar dívidas.

Controle de orçamento não é tarefa de um dia só. É hábito. Fale sobre dinheiro com seus filhos, ensine sobre economia e poupança. Com a situação da Previdência Social no Brasil, cada real guardado pode fazer muita diferença no futuro.

E se você precisar de ajuda?

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) oferece terapia financeira gratuita e online, tanto individual quanto para casais. Dá pra agendar pelo WhatsApp (11) 96797-8999 ou pelo e-mail: cef.unifesp@gmail.com. O serviço inclui acompanhamento contínuo para te ajudar a fazer as pazes com o seu bolso — e com a sua mente também.


*As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, o posicionamento do Economia Real.

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