COBERTURA ESPECIAL
ILUSTRAÇÃO/CHATGPT
Imagem criada por IA simula pessoa segurando nota fiscal eletrônica enquanto calcula imposto
Publicado em 22/7/2025 - 9h27
No turbilhão de mudanças trazidas pela Reforma Tributária, uma certeza já se impõe: o papel do contador será mais estratégico do que nunca. Com a transição para o novo modelo de tributação sobre o consumo, os documentos fiscais — especialmente a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) — ganham ainda mais relevância para os empreendedores brasileiros.
"A base da reforma será a emissão correta do documento fiscal. Por isso, os contadores precisam estar atualizados e prontos para orientar seus clientes nesse novo cenário", afirma Flavia Augusto, vice-presidente de Fiscalização, Ética e Disciplina do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRC-SP), em entrevista ao Economia Real.
Com a adoção da CBS e do IBS, a carga tributária passará a ser calculada de forma distinta, o que exige a parametrização precisa das informações nas notas fiscais — entre elas, os códigos corretos de produtos, operações e regimes. Erros nessa etapa podem gerar autuações, distorções no cálculo de créditos tributários e falhas no repasse dos tributos ao governo.
"O contador vai precisar acompanhar de perto quais produtos o cliente vende, como parametrizar corretamente o ERP e quais códigos fiscais aplicar. É ele quem vai garantir que tudo esteja alinhado com as exigências da Receita", destaca a especialista.
Em São Paulo, o CRC-SP tem promovido treinamentos e conteúdos técnicos para preparar os profissionais da contabilidade. A meta é ampliar a atuação do contador de forma consultiva, não apenas operacional, durante a transição, que começa em 2026.
Apesar da evolução dos sistemas de gestão, Flavia reforça que a tecnologia não substitui o olhar técnico do contador. Softwares ajudam na organização, automação e simulação de cenários, mas a análise crítica, personalizada e em conformidade com o contexto de cada empresa ainda depende da expertise humana.
Alguns softwares já estão liberando simuladores com base em uma alíquota média de 28%, projetando o impacto da reforma de 2026 a 2033. Mas nenhum sistema está 100% adaptado. Ainda estamos todos em processo de ajuste", comenta a contadora.
diVULGAÇÃO
Flavia Augusto, vice-presidente do CRC-SP
Enquanto 2026 não chega, a corrida pela adaptação dos sistemas já começou: empresas de tecnologia fiscal buscam atualizar seus softwares, contadores se capacitam e os clientes demandam respostas (que, conforme a pergunta, ainda não existem).
"Está uma loucura. Estamos nos virando nos 30 para garantir que essa transição aconteça da forma mais tranquila possível, mesmo sabendo que a vida do contador nunca foi tranquila", brinca Flavia.
Na visão da especialista, os contadores que compreenderem essa nova lógica da Reforma Tributária sairão na frente — não apenas tecnicamente, mas também como consultores valorizados em um ambiente fiscal cada vez mais complexo.
Este conteúdo integra a série especial do Economia Real sobre a Reforma Tributária. Publicamos novos textos às terças e quintas, com análises práticas para quem quer se preparar desde já para as mudanças no sistema tributário brasileiro.
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