INVESTIMENTO DA SEGUNDA
KATHARINA KAMMERMANN/UNSPLASH
Moedas de prata; entenda quando o Tesouro IPCA vale a pena estar presente nos seus investimentos
Publicado em 18/8/2025 - 10h13
O Tesouro IPCA é um dos títulos públicos mais conhecidos entre os brasileiros, especialmente por oferecer proteção contra a inflação. Mas será que, no cenário atual, vale a pena investir nele? Especialistas apontam que a resposta depende do prazo, do perfil do investidor e do momento de entrada.
"O Tesouro IPCA é um título que pode compor carteiras de investidores de todos os perfis, seja conservador, moderado ou arrojado. Recomendo para todos os clientes, principalmente na modalidade Tesouro IPCA+, que proporciona mais proteção contra a inflação e previsibilidade", afirma Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos.
Já Ângelo Belitardo, diretor de Gestão da Hike Capital, é mais cauteloso: "Os produtos Tesouro IPCA são indicados para investidores que busquem uma estratégia de investimento com foco em longo prazo. Para investidores que já possuem experiência com marcação a mercado e que já tenham reserva de emergência formada, poderá aplicar em títulos IPCA com prazo de vencimento superior a 2030".
O maior risco está na marcação a mercado, ou seja, na variação diária do preço do título, que pode levar a perdas caso seja vendido antes do vencimento.
Nesse caso, o investidor fica sujeito à marcação do mercado, podendo vender com ágio ou com deságio, dependendo das condições", explica Cunha.
Belitardo alerta que o cenário econômico pode acentuar esse risco: "Em cenários de estresse, os investidores vendem títulos em massa, o que aumenta a curva de juros e derruba o preço. Caso o investidor queira se desfazer do recurso, poderá incorrer a perdas severas".
diVULGAÇÃO
Paulo Cunha (iHUB) e Ângelo Belitardo (HIKE Capital)
Aqui, as opiniões divergem. Para Cunha, há oportunidades mesmo em prazos de 10, 20 ou 30 anos, desde que o investidor leve o título até o vencimento.
Já Belitardo considera que 2025 não é o momento ideal:
"Estamos diante de um ano eleitoral em 2026, onde, historicamente, vemos um estresse exagerado nas curvas de juros. Por mais que tenhamos visto taxas de IPCA+7, o nível de oscilação desses títulos não é compensado pelo retorno", comenta o diretor da Hike Capital.
Entre os deslizes, Cunha destaca não considerar a marcação a mercado no planejamento.
Já Belitardo cita decisões precipitadas: "Não é porque os títulos estão com spread alto que os investidores devem investir com percentual elevado. São produtos de alta oscilação que podem ficar anos sem dar retorno satisfatório".
Segundo Cunha, títulos IPCA+ de prazos longos podem oferecer retorno potencial próximo de 13% ao ano, somando taxa real e inflação, um patamar competitivo frente a CDBs, LCIs e fundos DI. Belitardo lembra, no entanto, que esses outros produtos tendem a ter retorno mais consistente e menor volatilidade.
As recomendações também variam. "Recomendamos um limite máximo de 4 a 7% em títulos IPCA+ na carteira", diz Belitardo. "Podendo chegar a 30% ou 40% dependendo do perfil do cliente", acredita Cunha.
Este conteúdo faz parte do quadro Investimento da Segunda, em que o Economia Real traduz o universo dos investimentos financeiros para pessoas físicas de forma acessível e prática. Antes de investir, consulte um profissional autorizado e avalie se a estratégia está alinhada ao seu perfil e aos seus objetivos.
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