OPINIÃO
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Mulher bebe água após atividade física; setor de bem-estar tem potencial para expandir mercado
FABIANO ZETTEL*
redacao@economiareal.com.brPublicado em 26/4/2025 - 8h50
O mercado mundial de bem-estar vive uma expansão acelerada e deve ultrapassar US$ 4,5 trilhões (cerca de R$ 25,6 trilhões) até 2026. No Brasil, o cenário também é promissor. O segmento de alimentos orgânicos e plant-based, por exemplo, apresentou crescimento expressivo nos últimos anos, com destaque para o avanço de 42% nas alternativas à base de plantas, segundo dados do Good Food Institute e da Euromonitor.
A mudança reflete uma população brasileira cada vez mais consciente em relação à alimentação e à saúde. Além disso, uma nova geração de consumidores busca não apenas sabor e conveniência, mas também impacto ambiental e funcionalidade nos produtos.
No início de março, a cidade de Anaheim, na Califórnia, sediou um dos maiores eventos globais do setor de produtos naturais, orgânicos, funcionais e sustentáveis: a Natural Products Expo West, da qual participei. Com mais de três mil expositores e 65 mil visitantes, a feira se consolidou como um termômetro das novas tendências do mercado de bem-estar, com inovações que integram saúde, sustentabilidade e tecnologia.
A participação brasileira foi notável. Marcas e investidores nacionais marcaram presença como nunca antes, reforçando a importância do Brasil no cenário global. O país, com sua biodiversidade única e ingredientes nativos, tem potencial para se tornar protagonista da inovação no mercado global de bem-estar. Para isso, é necessário superar desafios regulatórios, fortalecer cadeias produtivas sustentáveis e atrair investimentos capazes de escalar inovações com impacto positivo.
A edição deste ano destacou um portfólio diversificado de produtos voltados ao bem-estar integral. Entre os lançamentos, surgiram alimentos plant-based de última geração, suplementos personalizados e bebidas funcionais com foco no equilíbrio metabólico e emocional.
ARQUIVO PESSOAL/FABIANO ZETTEL
Fabiano Zettel em feira nos EUA
O ponto mais revelador foi o fortalecimento do compromisso dos consumidores com a origem ética dos ingredientes e a sustentabilidade. Cogumelos adaptógenos, algas, fibras prebióticas e proteínas vegetais lideram essa nova revolução, acompanhados por iniciativas de rastreabilidade e transparência nas cadeias produtivas.
A feira também apresentou soluções tecnológicas para rastrear a origem dos produtos, com plataformas digitais que certificam a procedência dos ingredientes, medem a pegada de carbono e garantem práticas sustentáveis ao longo da cadeia produtiva. A transparência deixou de ser diferencial e passou a ser requisito estratégico para marcas que desejam se destacar e atrair investidores.
Outro ponto de destaque foi o crescimento de marcas voltadas ao bem-estar animal, com produtos nutricionais que seguem os mesmos princípios de saúde e sustentabilidade aplicados ao mercado humano. No Brasil, o mercado pet segue em expansão, com alta de 12% no último ano. Nesse contexto, petiscos orgânicos despontam como nova oportunidade de negócios, refletindo o movimento global de bem-estar que agora também inclui os animais de estimação.
A Expo West deixou claro que o consumo saudável e consciente não pertence mais a um nicho — é um vetor de transformação global. O Brasil, com sua riqueza natural, tem cada vez mais capacidade para não apenas fornecer insumos, mas também se posicionar como referência em inovação no setor. O caminho é promissor, mas exige foco, colaboração e estratégias que conectem a inovação local às demandas do mercado internacional.
DIVULGAÇÃO/MORIAH ASSET
Fabiano Zettel
Fabiano Zettel é CEO e fundador da Moriah Asset, empresa de investimento focada no mercado de saúde e bem-estar.
*As opiniões do artigo não refletem, necessariamente, o posicionamento do Economia Real.
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