VIGORITO
DIVULGAÇÃO/VIGORITO E GM
Hermes Schincariol Jr, diretor da Rede Vigorito, e imagem do primeiro carro da Chevrolet no BR
Publicado em 7/7/2025 - 8h30
Há 100 anos, um calhambeque quebrado em Capivari (SP) mudou os rumos do setor automotivo no Brasil. Ao consertar o veículo dos executivos da recém-chegada General Motors (GM), o então mecânico Felício Vigorito se aproximou da montadora e abriu a primeira concessionária da Chevrolet no país. Desde então, a família Vigorito comercializa carros em São Paulo e, só em 2024, movimentou R$ 1,5 bilhão.
"Foi bem ao acaso mesmo. Fico imaginando como era vender carro naquela época, numa cidade onde a maioria das pessoas nunca tinha andado de carro. Deve ter sido uma experiência bem interessante", comenta Hermes Schincariol Júnior, diretor-superintendente da Rede Vigorito e bisneto de Felício, em entrevista ao Economia Real.
Hoje, o grupo conta com 15 unidades no estado de São Paulo e representa, além da Chevrolet, as marcas Nissan, Kia e Volkswagen. Schincariol Jr. atua na empresa há mais de três décadas e, como único herdeiro presente na operação, faz questão de manter a tradição familiar de vender carros novos e seminovos aos paulistas.
À reportagem, o executivo explica como o comportamento do consumidor mudou nas últimas décadas: "Antigamente, os clientes visitavam até seis concessionárias para comprar um carro. Hoje, a média caiu para até duas, por conta do nível de informação disponível na internet".
Muitas vezes, o cliente sabe mais do que o vendedor sobre os modelos da concorrência. Ele já chega decidido: não faz nem test-drive. Só quer sentar no carro e sentir o cheiro. Antes, a compra era por impulso, os pais levarem os filhos para passear na concessionária. Hoje isso não existe mais", complementa.
Diante desse novo cenário, a Vigorito investiu fortemente em transformação digital. Além de treinamentos para a equipe de vendas, a empresa montou um time próprio de desenvolvedores para criar sistemas de atendimento digital e reforçar a experiência do cliente.
Outro desafio foi a escalada nos preços dos carros zero quilômetro, o que impacta não só as vendas, mas também o giro de veículos usados — já que os seminovos entram como parte do pagamento pelos novos. Além disso, o comércio online de automóveis e o surgimento de startups do setor intensificaram a concorrência.
"A briga é ferrenha entre as concessionárias. Por isso, acredito que o segredo para completar um século de história foi manter o foco no cliente e no trabalho em equipe. Isso é o que sempre sustentou o nosso negócio", afirma.
Para o futuro, o Grupo Vigorito aposta na diversificação. O executivo revela que a rede estuda incluir carros chineses em seu portfólio: "Essas marcas vão permanecer no mercado brasileiro, mas não sabemos se todas. Estamos analisando com cautela quais marcas fazem sentido para a nossa operação".
Outro movimento importante será o investimento de R$ 50 milhões nos próximos cinco anos. A quantia será direcionada à abertura de novas concessionárias, à digitalização de processos internos e a um projeto de energia solar.
"Estamos construindo usinas para gerar e vender energia no interior de São Paulo. É um novo negócio para o grupo, com investimento inicial de R$ 12 milhões", explica.
Segundo ele, metade do valor será utilizada para abastecer as próprias unidades e a outra metade, para vender energia no mercado. "Energia é algo que o mundo sempre vai precisar. É uma aposta com os pés no chão", diz.
E de olho no futuro, o trabalho de sucessão familiar começou há duas décadas, com um acordo societário dentro da família. A escolha do próximo sucessor não foi feita pelo atual líder da companhia, mas por uma consultoria especializada.
"Por acaso, um dos meus filhos foi selecionado e já está em treinamento. Agora, precisamos ver se ele vai dar conta da operação lá na frente", reforça Schincariol Jr.
Para o diretor, o segredo da sucessão está no desprendimento. "Quem vai sair precisa querer sair. Muitas vezes, o empresário treina alguém, mas não larga o osso. Aqui, tivemos espaço para crescer, e agora queremos garantir isso para as próximas gerações também", finaliza.
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