COBERTURA ESPECIAL
ERPs correm contra o tempo para se adaptar à Reforma Tributária. Entenda mudanças nas empresas de tecnologia e veja o que sua empresa precisa fazer.
ILUSTRAÇÃO/CHATGPT
Ilustração mostra mudanças na Nota Fiscal com Reforma Tributária; empresas atualizam ERPs
Publicado em 19/8/2025 - 8h00
A Reforma Tributária começa a sair do papel e deve transformar não apenas a forma como empresas calculam impostos, mas também sua própria estratégia de negócios. Nesse cenário, os sistemas de ERP (Enterprise Resource Planning) se tornaram peça-chave para assegurar que a transição ocorra sem dores de cabeça aos empresários e, por isso, as empresas de tecnologia de gestão já correm contra o tempo para adaptar suas soluções.
O desafio não é pequeno: a partir de janeiro de 2026, notas fiscais só serão validadas se trouxerem os novos tributos IBS e CBS. Isso significa que qualquer atraso na atualização do sistema pode travar a operação de uma empresa inteira.
Na TOTVS, a preparação começou anos antes da aprovação oficial. A companhia participa do programa-piloto do governo e já adaptou seus sistemas para calcular os novos impostos.
"A nossa preocupação é que a mobilização das empresas ainda está aquém do necessário. Quem não atualizar suas soluções corre o risco de ter notas rejeitadas já no primeiro dia de 2026", afirma Rodrigo Sartorio, diretor de Produtos da TOTVS, ao Economia Real.
A WK também saiu na frente e liberou nos últimos dias uma nova versão de seu ERP com campos automáticos para IBS e CBS. "Nosso cliente não precisa fazer nada neste momento. O sistema já está preparado para calcular os novos impostos e validar a nota fiscal eletrônica junto ao governo", explica Márcio Tomelin, diretor de Produto e Mercado.
Na Omie, o foco é ajudar pequenas e médias empresas a lidar com a complexidade da classificação fiscal de produtos. "Humanamente é impossível acompanhar tantas mudanças. Por isso, usamos inteligência artificial e machine learning para sugerir a tributação correta de cada item", diz José Adriano Vendemiatti, diretor de Sucesso do Cliente.
Se adaptar à nova legislação não é só uma questão de atualizar o ERP. Para os especialistas, a Reforma pode exigir mudanças estruturais. Sartorio lembra que a forma de calcular impostos será alterada, o que pode levar empresas a repensar até onde manter fábricas e centros de distribuição.
Tomelin reforça que a escolha de fornecedores será decisiva: apenas quem emitir corretamente os tributos permitirá que o comprador aproveite créditos fiscais.
Já Vendemiatti alerta que cada negócio sentirá os impactos de forma diferente. "Não dá para generalizar. O efeito para uma loja de varejo não será o mesmo de uma prestadora de serviços. Cada empresa precisa analisar de quem compra e para quem vende para entender seus riscos e oportunidades".
Para os três executivos, os empresários não podem mais adiar a preparação. As recomendações convergem em cinco pontos:
Os porta-vozes não economizam nas advertências. "O empresário que ainda não começou já está atrasado. Aqui, a consequência não é multa, é parar de faturar", resume Sartorio.
Para Tomelin, o erro mais grave é terceirizar toda a responsabilidade: "O empresário não pode jogar esse desafio só para o contador ou o TI. Ele precisa entender os impactos de negócio que a Reforma vai trazer".
Vendemiatti reforça a urgência: "O primeiro passo para enfrentar a Reforma de forma organizada é ter um sistema de gestão. Quem ainda não tem, já está atrasado".