COBERTURA ESPECIAL
ILUSTRAÇÃO/CHATGPT
Corrida contra o tempo: empresas precisam se adaptar à Reforma Tributária. (Imagem gerada por IA)
Publicado em 2/10/2025 - 8h00
Atualizado em 2/10/2025 - 9h01
A contagem regressiva para a entrada em vigor da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) já começou! A partir de janeiro de 2026, todas as empresas terão de emitir notas fiscais eletrônicas no novo padrão, mesmo que ainda não haja cobrança efetiva dos tributos. O período será considerado um ano de testes, mas especialistas ouvidos pelo Economia Real alertam: quem não se preparar agora pode começar 2026 sem conseguir faturar.
"Se as empresas não emitirem as notas fiscais no novo layout, elas não vão conseguir validar a operação e, por consequência, não vão conseguir faturar. Você pode ter uma ruptura nos negócios em função do não cumprimento de obrigações fiscais já em janeiro de 2026", alerta Maria Isabel Ferreira, sócia da KPMG.
O risco vai muito além de uma obrigação burocrática. Segundo Rodrigo Sartorio, diretor de Produtos da TOTVS, trata-se de uma mudança estrutural.
"Isso significa que o ERP (sistema de gestão empresarial) e os sistemas de emissão de notas devem estar atualizados para evitar rejeições", destaca.
O primeiro passo para se adequar é atualizar o ERP e os sistemas de faturamento. "As empresas precisam adaptar os layouts dos documentos fiscais e se preparar para recepcionar os documentos dos fornecedores, que também terão CBS e IBS informados", explica Maria Isabel.
Sartorio reforça que 2025 é o limite para realizar ajustes: "É indispensável atualizar o ERP para a versão compatível com as Notas Técnicas mais recentes, parametrizar corretamente os tributos e realizar testes no ambiente de homologação do governo até 30 de novembro de 2025. Deixar para dezembro é arriscado, porque pode faltar suporte e a empresa corre o risco de não conseguir emitir notas em janeiro".
A Reforma Tributária também exige revisão de contratos comerciais, em especial os de médio e longo prazo.
"O crédito tributário está vinculado ao pagamento do imposto pela etapa anterior, o que requer ajustes significativos. Contratos de longo prazo precisam ser reequilibrados, porque foram definidos em cima de um sistema que será alterado no ano que vem", afirma Maria Isabel.
Sartorio complementa: "A reforma muda a forma de cálculo e o local de recolhimento do imposto, o que pode impactar diretamente preços, prazos e responsabilidades contratuais. É importante revisar cláusulas de preço, repasse de tributos e entrega, já que o imposto passará a ser calculado no destino".
Para quem ainda não iniciou a adaptação, as recomendações são claras:
"Quem deixar para a última hora vai enfrentar gargalos de suporte e pode simplesmente não conseguir faturar no início do ano. A preparação é para ontem", conclui Sartorio.
Este conteúdo integra a série especial do Economia Real sobre a Reforma Tributária. Publicamos novos textos às terças e quintas, com análises práticas para quem quer se preparar desde já para as mudanças no sistema tributário brasileiro.
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