DO BOOM AO LEGADO
O que as fintechs no Brasil ensinaram sobre crescimento com propósito, inovação financeira e experiência do cliente em tempos de transformação digital.
CLAY BANKS/PEXELS
Pagamento com carteira digital; especialista mostra o que PMEs podem aprender com fintechs
Publicado em 9/7/2025 - 12h00
Durante muito tempo, falar de finanças no Brasil era sinônimo de banco. Filas, tarifas, papelada e uma experiência quase sempre travada pela burocracia. Mas esse cenário virou passado. A revolução das fintechs no Brasil não só transformou como lidamos com dinheiro — ela redesenhou o mapa do setor financeiro.
E não foi só com bancos digitais. O boom das finanças envolveu uma verdadeira explosão de soluções:
Tudo ficou mais simples, mais acessível — e, acima de tudo, mais focado no usuário, não na estrutura das empresas. Nomes como Stone, Inter, Nubank, PicPay, Warren, Conta Simples, Conta Azul, Mercado Pago e Cora provaram que era possível oferecer serviços de qualidade sem complicar a vida de ninguém.
Elas ensinaram o mercado a falar com clareza, eliminar taxas escondidas e facilitar o onboarding. O segredo? Colocar o cliente no centro. E mais do que isso: construir produto, marca e atendimento ao redor das necessidades reais dele.
Com esse foco na experiência do cliente, as fintechs dispararam: milhões de usuários, recordes de downloads, valuations históricos e manchetes diárias sobre os novos "unicórnios".
Mas aí veio a segunda etapa da corrida. E toda maratona começa a cobrar preparo quando ultrapassa os 10 km.
Os ventos de 2024 trouxeram juros altos, menos capital de risco e mais pressão por rentabilidade. Algumas startups reduziram times. Outras pivotaram. Algumas fecharam as portas.
E o recado ficou claro: crescer rápido é ótimo — mas sustentar é o que diferencia as empresas que ficam das que somem. Ainda assim, o legado da transformação digital promovida pelas fintechs é indiscutível:
E talvez o maior aprendizado seja este: crescimento precisa de propósito. Não basta atrair usuários. É preciso entregar valor real, com consistência e estrutura. Muitas das fintechs de sucesso não estavam apenas "vendendo mais fácil" — estavam resolvendo melhor.
No fim das contas, o que o usuário quer não é uma revolução bancária. Ele quer que o boleto caia no dia certo. Que o cartão funcione. Que o extrato faça sentido. E que o app responda na hora. Simples assim.
Quem conseguir entregar isso com constância, agilidade e inteligência… não só cresce. Constrói uma marca para durar.
*As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, o posicionamento do Economia Real.