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PAULO PINTO/AGÊNCIA BRASIL
Comércio de rua em São Paulo; PMEs crescem 3,7% em junho como reflexo de melhora da economia
Publicado em 29/7/2025 - 6h00
As pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras registraram crescimento de 3,7% na movimentação financeira média real em junho, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Na comparação com maio, o avanço foi de 1,5%, ao considerar o ajuste sazonal. Com isso, o segundo trimestre encerrou estável frente ao mesmo período do ano passado e com alta de 3% em relação ao trimestre anterior.
"A redução das pressões inflacionárias e a melhora na confiança do consumidor explicam boa parte da recuperação", afirma Felipe Beraldi, especialista em indicadores e estudos econômicos da Omie, em primeira mão ao Economia Real.
Os dados são do Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), utilizado como termômetro da atividade de negócios com faturamento de até R$ 50 milhões por ano. O levantamento acompanha 748 atividades econômicas em setores como Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
O setor de Serviços puxou a alta em junho, com crescimento de 8,1% no faturamento médio real das PMEs, após meses de estagnação. Segmentos como atividades financeiras, seguros, educação e recreação tiveram os melhores desempenhos.
Na Indústria, o avanço foi de 5,4% na comparação anual. Dos 23 subsetores da indústria de transformação, 13 registraram crescimento, com destaque para os segmentos de bebidas, alimentos e produtos químicos. Ainda assim, áreas como madeira e equipamentos elétricos seguem em queda.
Já o setor de comércio teve retração de 1,5% no mês, com desempenho negativo no atacado (-2,2%) e no varejo (-1,1%). A exceção ficou por conta do comércio de veículos e motocicletas, que cresceu 2,3%. Entre os destaques do varejo estão medicamentos veterinários, supermercados e joalherias. No setor de infraestrutura, a queda foi de 1,7%, puxada pela desaceleração da construção civil e do saneamento. O único segmento com alta foi o de eletricidade.
Apesar da melhora no segundo trimestre, o cenário ainda exige cautela. A projeção da Omie para 2025 é de crescimento modesto de 1,0%, com expectativa de avanço mais expressivo apenas em 2026, de 1,9%.
"Internamente, o principal obstáculo continua sendo o ciclo de juros elevados, com a Selic mantida em 15% ao ano", explica Beraldi. No cenário externo, o economista chama atenção para os riscos de novas tarifas sobre produtos brasileiros, anunciadas recentemente pelos Estados Unidos.
"Caso se concretizem, as tarifas podem pressionar o câmbio, elevar custos com insumos importados e gerar novas pressões inflacionárias, afetando diretamente as PMEs, sobretudo as exportadoras e as que integram cadeias globais", completa.
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