ALERTA NA PRAÇA

R$ 10 mil viram R$ 90 mil? Golpe usa rosto de Barsi para enganar investidores

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Imagem de Luiz Barsi Filho e Louise Barsi

Luiz Barsi Filho e Louise Barsi; imagem dos investidores é usada em novo golpe na internet

Publicado em 28/7/2025 - 10h49

A imagem de Luiz Barsi Filho, maior investidor pessoa física da bolsa de valores brasileira, tem sido usada em propagandas falsas que prometem lucros irreais e enganam o público com deepfakes. Um dos anúncios afirma: "Se você tiver R$ 10 mil e comprar essas ações, em um mês, R$ 10 mil se tornarão R$ 90 mil". 

"Só no final de 2023, nós oficiamos extrajudicialmente 400 perfis falsos. Nós jamais faremos qualquer propaganda, falar o nome de uma ação que estamos comprando ou recomendar que você o faça sem ser pelos meios regulatórios", alertou Louise Barsi, filha do megainvestidor Luiz Barsi Filho, em entrevista ao Domingo Espetacular, exibido no último domingo (27) pela Record.

Aos 86 anos, Barsi é conhecido como o "rei dos dividendos", por ter construído sua fortuna com investimentos de longo prazo em ações que pagam proventos. Com os avanços da inteligência artificial, golpistas utilizam trechos reais de vídeos (às vezes com apenas 15 segundos) para gerar conteúdos falsos com imagem e voz manipuladas, recurso conhecido como deepfake.

Esses materiais são usados para atrair vítimas com promessas de ganhos rápidos na bolsa de valores. De acordo com Louise, milhares de perfis falsos foram criados para se passar pelo investidor e por ela com o intuito de aplicar golpes.

É uma coisa tão bem feita, tão profundamente realista, que parece verdade, mas é falso. Isso pode ser usado para paródias, mas também para golpes", comentou Aline Sordili, especialista em inteligência artificial.

Segundo ela, redes sociais como Instagram, Facebook e TikTok são as principais fontes de extração de imagem e voz para que esses deepfakes sejam gerados. São necessárias apenas poucas amostras para produzir vídeos falsos altamente convincentes.

"Recebo centenas de mensagens nas minhas redes sociais sobre anúncios fakes. A pessoa denuncia, o conteúdo cai, mas o falsário volta e cria outro perfil", reforçou. Louise.

A advogada da família Barsi, Taciana Fonseca Marques, afirma que apenas denunciar às plataformas não resolve. É preciso recorrer à Justiça. "O Judiciário tem sido mais rápido do que as plataformas. O problema é que o cumprimento das decisões não tem a mesma agilidade. Quanto mais tempo você demora para proteger sua reputação, mais danos ela sofre", disse. Criadores de conteúdo falso podem responder por crime de fraude eletrônica, cuja pena varia de quatro a oito anos de prisão.

Casos se repetem

Além de Barsi, o médico Roumerito Oliveira também foi vítima de um golpe semelhante. "Dizem que eu sou ortopedista, que trabalho embarcado em um navio, que tenho um filho e que minha esposa faleceu, sendo minha mãe quem cuida do menino", contou.

Nesses casos, os criminosos usam as imagens para criar laços afetivos com mulheres, com o objetivo final de aplicar golpes financeiros. "Quando ganham confiança, começam a falar sobre dinheiro. Dizem que vão transferir algo para o filho e pedem ajuda. As vítimas, já envolvidas emocionalmente, acabam pegando empréstimos para ajudar", complementou o médico.

Assim como Louise, Roumerito também denunciou e bloqueou os perfis — sem sucesso. Os golpistas voltam, criam novos perfis e os vídeos continuam circulando.

A Meta, empresa responsável por Facebook e Instagram, não comentou os casos mencionados, mas afirmou que reconhece o crescimento desse tipo de golpe e que vem aprimorando seus sistemas para detectar e remover conteúdos maliciosos.

Atualmente, ainda não há uma ferramenta definitiva capaz de identificar com precisão vídeos criados por inteligência artificial. No entanto, alguns sinais podem ajudar a identificar um deepfake:

  • Sincronia entre voz e boca: verifique se os movimentos labiais coincidem com a fala;
  • Tom de voz artificial: fique atento a falas robóticas ou com entonação estranha;
  • Gestos e movimentos mecânicos: indicam possível manipulação;
  • Cenário artificial: ambientes perfeitos demais ou com aspecto de computação gráfica são sinal de alerta.

Se desconfiar de um conteúdo, sempre confira os perfis oficiais da pessoa envolvida, identificados pelo selo de verificação da plataforma.

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