NOVO PROBLEMA

Crédito do Trabalhador vira dor de cabeça com pior índice de inadimplência

JOEDSON ALVES/AGÊNCIA BRASIL

Pessoa faz contas com celular, papel e caneta

Pessoa faz contas com celular, papel e caneta; Crédito do Trabalhador registra alta inadimplência

Publicado em 28/7/2025 - 9h27

Criado pelo Governo Federal há apenas quatro meses, o Crédito do Trabalhador (linha de empréstimo consignado voltada a funcionários da iniciativa privada com carteira assinada) já acumula uma taxa de inadimplência de 16%, a maior entre todas as modalidades de consignado privado do país. Com R$ 22 bilhões contratados e mais de 3,2 milhões de trabalhadores atendidos, o alto grau de falta de pagamento dos empréstimos acende um sinal de alerta no sistema financeiro e no setor produtivo.

"Essa inadimplência de 16% não é necessariamente porque o trabalhador não está pagando, mas por falhas operacionais na escrituração. 84% das empresas conseguiram registrar corretamente. As demais causaram esse efeito estatístico", afirmou Isaac Sidney, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em entrevista ao GloboNews Em Ponto desta segunda (28).

De acordo com o executivo, a principal causa do problema está na falta de familiaridade das empresas com o modelo de escrituração via eSocial, especialmente entre pequenos e médios empregadores.

Na prática, o Crédito do Trabalhador funciona de forma semelhante ao consignado tradicional de servidores públicos. A diferença é que o desconto das parcelas é feito via eSocial — sistema digital de escrituração fiscal, trabalhista e previdenciária. A operação, porém, ainda sofre com a ausência de padronização e dificuldades operacionais.

A expectativa é que, até o final do ano, tenhamos um sistema mais fluido. É um modelo novo, e a curva de aprendizado é natural. Mas, com mais educação, ajustes regulatórios e a entrada de instituições maiores, ele tende a ganhar tração", reforça Sidney.

Confira a seguir o levantamento realizado pela Febraban com as taxas de juros e de inadimplência do crédito consignado privado:

ModalidadeTaxa de juros ao mêsInadimplência
INSS1,83%1,78%
Público1,87%2,31%
Privado3,02%7,73%
Crédito do Trabalhador3,57%16%

Um dos principais avanços previstos para o segundo semestre é a regulamentação do uso do FGTS como garantia dos empréstimos, o que tende a mitigar riscos para os bancos e ampliar, de forma segura, a oferta de crédito.

Com isso, a Febraban acredita que o Crédito do Trabalhador pode se consolidar como uma alternativa mais barata e segura, especialmente frente aos juros elevados praticados em modalidades como o rotativo do cartão de crédito ou o cheque especial.

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