DIZ IBGE

Você sentiu? Passagens aéreas ficaram 6,1% mais baratas em 2025

ETIENNE JONG/UNSPLASH

Aeronave voando

Aeronave no céu; Inflação diz que passagens estão mais baratas, mas população não sente

Publicado em 7/5/2025 - 5h15

Você pode não acreditar nem sentir no bolso, mas as passagens aéreas estão mais baratas! De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre janeiro e março de 2025, os bilhetes recuaram 6,1%. Porém, fatores como o aumento do querosene de aviação e o excesso de demanda impedem que o consumidor perceba essa retração na prática.

"O principal fator é o desequilíbrio entre oferta e demanda, agravado pelo aumento do custo do querosene de aviação", afirma Carlos Eduardo Oliveira Jr., presidente do Sindicato dos Economistas no Estado de São Paulo (Sindecon-SP), ao Economia Real.

Segundo dados levantados pela reportagem na base do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial brasileira, as passagens aéreas subiram 6,9% em março. No entanto, na análise trimestral, o preço caiu 6,1% no início de 2025. Já no acumulado dos últimos doze meses, a alta foi de 6,21%. Os dados atualizados referentes a abril serão divulgados pelo IBGE na próxima sexta-feira (9).

O economista relembra que a retomada das viagens após a pandemia foi rápida. Já a recomposição da malha aérea, com aeronaves e rotas suficientes para atender à nova demanda, segue lenta. O resultado: as companhias mantêm preços elevados em passagens aéreas e vendem os bilhetes mesmo com menos assentos disponíveis. Além disso, o setor ainda enfrenta custos operacionais elevados.

O combustível representa até 40% das despesas de uma companhia aérea. Muitos dos insumos, como o financiamento de aeronaves e os serviços de manutenção, são cotados em dólar, o que pressiona ainda mais as contas das empresas em períodos de desvalorização do real. Outro obstáculo é a carga tributária elevada no setor aéreo.

O Brasil tem uma das cargas mais altas do mundo no setor. Mesmo com queda no petróleo ou no dólar, o efeito final nas passagens é pequeno", detalha Oliveira Jr.

O economista também destaca a guerra fiscal entre estados, com alíquotas de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) que variam de forma significativa sobre o combustível de aviação. Isso promove distorções regionais no preço das passagens aéreas. Há ainda a chamada demanda inelástica: mesmo com os preços altos, as pessoas seguem viajando. Isso permite que as empresas mantenham tarifas elevadas sem perder passageiros.

Como pagar menos na passagem?

Mesmo com um cenário desfavorável, ainda é possível economizar na compra de passagens aéreas. A principal dica é simples: antecipar a compra. "Compre entre 30 e 60 dias antes. Isso faz muita diferença no valor final", recomenda o especialista.

Também vale evitar datas de pico, como feriados, férias escolares e fins de semana, e preferir voos durante a madrugada ou no meio da semana. "Flexibilidade é a chave para pagar menos", orienta.

Plataformas como Google Flights, Kayak e Skyscanner ajudam a comparar preços de voos. Outra boa estratégia é ativar alertas de tarifas e aproveitar milhas acumuladas em programas de fidelidade para reduzir os custos da viagem.

A escolha do mês também impacta o valor final da passagem. "Setembro é um dos períodos mais baratos. Também indico março, abril (fora da Páscoa), maio, agosto e o início de dezembro", afirma o economista.

Apesar da queda registrada pelo IBGE, Oliveira Jr. alerta que os preços das passagens devem continuar voláteis ao longo de 2025. "O consumidor precisa continuar pesquisando. O alívio existe, mas não é automático".

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