DOR NO BOLSO

Emergência médica virou luxo: brasileiro adia socorro por falta de dinheiro

MAREK STUDZINKSKI/UNSPLASH

Imagem de cédula de dólar sobre um coração e um estetoscópio

Somente 16% dos brasileiros conseguem ter reserva financeira para gastos médicos inesperados

Publicado em 11/4/2025 - 7h00

Mesmo com a presença do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país, os brasileiros enfrentam dificuldades para acessar tratamentos médicos devido à falta de dinheiro. Um estudo realizado pelo Serasa em parceria com o dr.consulta mostra que apenas 16% dos entrevistados conseguem manter uma reserva financeira para despesas médicas inesperadas.

"Ainda que em pequenos passos, criar uma reserva para urgências é essencial para não afetar ainda mais a saúde física e mental, que impactam diretamente o orçamento", alerta Patricia Camillo, especialista em educação financeira da Serasa.

Mais da metade dos entrevistados (52,9%) não possui nenhuma reserva financeira para lidar com situações inesperadas, como um acidente ou uma complicação de saúde causada por uma doença crônica. "Investir em prevenção, com a adoção de hábitos saudáveis e acompanhamento contínuo, também garante equilíbrio financeiro", complementa Patrícia.

Paulo Yoo, diretor médico de Experiência e Programas de Saúde do dr.consulta, reforça a importância de priorizar a saúde desde cedo para assegurar bem-estar e estabilidade em todos os aspectos da vida. "O principal destaque desse levantamento é a conscientização sobre a relação entre finanças e saúde, incluindo tanto o bem-estar físico quanto o mental. O estudo reforça ainda a importância do cuidado preventivo e da atenção primária, que vão além do simples acesso a serviços médicos – trata-se de um acompanhamento contínuo e integral", destaca ele, que prossegue:

Pequenas ações, como check-ups regulares e o controle de condições crônicas, podem evitar problemas mais graves no futuro, reduzindo tanto o impacto na qualidade de vida quanto os custos com tratamentos emergenciais".

A pesquisa também mostra que há interesse dos brasileiros em investir mensalmente na saúde: 36,4% dos entrevistados disseram estar dispostos a gastar até R$ 300 por mês com esse item. Na outra ponta, apenas 6,6% afirmaram que poderiam investir mais de mil reais mensais com o mesmo objetivo.

Cerca de sete em cada dez brasileiros acreditam que a situação financeira impacta na ansiedade, e 30,6% do público ouvido no levantamento apontou que a saúde mental é o principal foco de atenção e cuidado em suas famílias. Porém, mesmo com essa preocupação, 55,8% dos entrevistados nunca buscaram ajuda psicológica para lidar com os desafios.

Como montar uma reserva de emergência?

Em entrevista ao Economia Real, a professora de Economia da Universidade de Marília, Marisa Rossignoli, afirma que o primeiro passo para montar uma reserva de emergência é conhecer bem as próprias finanças.

"A compreensão de quanto se deve ter de reserva de segurança varia entre os economistas, mas o essencial é que ela exista dentro das possibilidades de cada um. Não ter essa reserva significa enfrentar emergências com improviso financeiro, o que costuma sair caro", diz a docente, que também atua como conselheira do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo (Corecon-SP).

"É importante organizar os gastos, saber o que e onde se está gastando, priorizar uma alimentação saudável — que, além de beneficiar a saúde, pode gerar economia —, evitar compras por impulso e não usar a reserva destinada à saúde para demandas que parecem mais atraentes no curto prazo", aconselha.

A profissional também destaca a importância de distinguir as pessoas que compram por impulso daquelas cuja renda não é suficiente para cobrir despesas básicas: "Precisamos ter uma reserva e adequar nosso padrão de consumo à nossa renda. É importante que uma parte do orçamento seja destinada à saúde, como plano de saúde, alimentação equilibrada e atividades físicas. Além disso, é fundamental guardar uma quantia para situações inesperadas, como medicação, consultas médicas e planos com coparticipação".

"Muita gente gasta até o limite e não tem nenhuma reserva de segurança. Isso aumenta o risco de endividamento e obriga a recorrer a empréstimos, muitas vezes com juros altos e sem planejamento", finaliza Marisa.

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