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Carrinho de supermercado com frutas e verduras; Tarifaço afeta 35% das exportações do país
Publicado em 7/8/2025 - 11h11
O tarifaço imposto por Donald Trump ao comércio brasileiro já entrou em vigor e afeta mais de 35% das exportações nacionais para os Estados Unidos. A medida pode influenciar contratações no setor agrícola, provocar perdas logísticas e pressionar cadeias produtivas. No entanto, há expectativa de que alguns produtos fiquem mais baratos no supermercado com esse novo capítulo da guerra tarifária.
"Como o mundo inteiro consome café e grande parte do que produzimos é consumida aqui no Brasil, isso, em tese, não representa um grande problema. Existe mercado interno para absorver, e, se dermos sorte, o preço pode até cair", afirmou a economista Carla Beni, da Fundação Getulio Vargas (FGV), em entrevista ao Encontro com Patrícia Poeta, da Globo, nesta quinta (7).
A reação do mercado depende da capacidade de adaptação de cada cadeia produtiva. A preocupação é maior porque os Estados Unidos são o terceiro principal destino das exportações brasileiras.
"Cada cadeia tem um tempo de resposta. Algumas enfrentam mais dificuldades, enquanto outras podem redirecionar a produção para o mercado interno. O governo também pode intervir, regulando estoques ou incentivando a venda para a indústria", reforçou a economista.
A preocupação com uma possível alta no preço da carne também está em pauta, mas o impacto tende a ser limitado. "Os cortes exportados são diferentes dos consumidos internamente. Enviamos a parte dianteira, usada pela indústria de hambúrguer nos EUA, enquanto o consumidor brasileiro prefere a traseira. Além disso, o Brasil ampliou suas exportações para países como Vietnã e México, o que ajuda a diluir os impactos", explicou Carla.
Entre os produtos impactados estão uva, açaí e manga — esta última é a fruta mais exportada pelo Brasil. A região do Vale do São Francisco, em Petrolina (PE), concentra a maior parte da produção nacional e emprega cerca de 250 mil pessoas.
Com a taxação em vigor, algumas contratações foram suspensas nas unidades responsáveis pelo processamento e embalagem das frutas para exportação. Cada centro costuma empregar cerca de 700 pessoas durante a safra.
A possibilidade de demissões preocupa os trabalhadores, mas Carla descarta um cenário crítico: "Se houver demissões, devem ser pontuais. O custo de contratação e treinamento no Brasil é alto, então o empresário evita recorrer a essa medida como primeira opção".
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