CULTURA PERMISSIVA

O inimigo invisível que corrói a margem da sua empresa

SEBASTIAN HERMANN/UNSPLASH

Pessoa desesperada ao analisar os números da empresa

Pessoa desesperada ao analisar os números da empresa; entenda o que prejudica sua empresa

Publicado em 7/8/2025 - 10h00

Todo comportamento tolerado e decisões lenientes afetam o lucro, muitas vezes sem que ninguém perceba. Existe um inimigo invisível no seu DRE: a cultura permissiva. A permissividade disfarçada de "boa convivência". Aquele comportamento desalinhado que ninguém confronta porque "não vale o desgaste". Mas cultura organizacional não é discurso. É consequência de escolhas. E escolhas custam caro.

Antes que o financeiro detecte, a cultura já corroeu a margem: gente desmotivada não inova, líderes inseguros evitam conflitos e empurram problemas para frente, equipes sem confiança entregam pela metade. A cada reunião que termina sem decisão, você perde velocidade.

A cada meta batida à custa de esgotamento, você perde consistência. A cada talento que pede demissão "por motivos pessoais", você perde inteligência operacional sem nem saber quanto vai custar para repor.

Existem três comportamentos tolerados que drenam a lucratividade empresarial:

  • O líder que entrega, mas destrói. Ele traz números, mas custa clima, turnover, absenteísmo e silêncio. O que ele "rende", você perde em cultura de médio prazo. No fim, esse ROI é uma grande ilusão.
  • O colaborador mediano que "não atrapalha", mas também não entrega. Ele não se compromete, não propõe. É um peso morto no ecossistema. O custo? Velocidade e tração. Equipe que carrega gente morna anda mais lenta — e mais cansada.
  • A decisão que deveria ter sido tomada há meses. Demissões evitadas. Promoções mal feitas. Projetos que não andam. A conta da indecisão não aparece em planilha. Ela se revela em desalinhamento, cinismo e ruído.

Se você se identifica com esses pontos, saiba que o custo da cultura corporativa pode ser rapidamente diagnosticado com três perguntas simples:

  1. Quem você está evitando confrontar?
  2. Qual decisão já está tomada, mas você insiste em adiar?
  3. Que tipo de comportamento foi tolerado no último trimestre — e você não fez nada?

Toda empresa deveria aplicar esse checklist no planejamento estratégico. Cultura organizacional não é "soft". Cultura é margem. Um dos maiores erros no processo de consolidação cultural é tratá-la como pauta de RH — quando, na prática, ela é pauta de perenidade e valor de mercado.

Empresas coerentes lucram mais. Ambientes saudáveis inovam mais rápido.

Se você quer crescer com consistência, comece por onde ninguém costuma olhar: Na forma como sua empresa tolera, protege e promove comportamentos. A cultura que você cultiva define a margem que você vai colher.


*As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, o posicionamento do Economia Real.

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