PREOCUPANTE
REPRODUÇÃO/GLOBO
Máquinas de cartão sobre a mesa; falsos taxistas aplicam o “golpe da maquininha” em passageiros
Publicado em 28/7/2025 - 12h07
Mais de dois milhões de casos de estelionato foram registrados no Brasil em 2024, segundo o Anuário da Segurança Pública, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Isso equivale a quatro vítimas por minuto — e o número pode ser ainda maior, já que muitos crimes não são denunciados à polícia e acabam fora das estatísticas oficiais.
"Se anteriormente as organizações precisavam se dirigir a um caixa eletrônico para tentar conseguir R$ 50 mil ou R$ 100 mil, hoje conseguem aplicar de três a quatro golpes por dia, com risco muito menor de serem responsabilizadas pelo sistema de justiça", explicou David Marques, coordenador de projetos do Fórum, em entrevista ao Fantástico, exibido pela Globo no domingo (27).
De acordo com o levantamento, o número de casos de estelionato no Brasil cresceu 408% nos últimos seis anos. Um dos golpes mais populares atualmente é o golpe da maquininha, que, segundo estimativas do FBSP, já causou um prejuízo de R$ 4,8 bilhões em 12 meses.
A fraude começa quando a vítima entra em um carro que parece ser um táxi comum, mas é conduzido por um golpista. Ao final da corrida, o motorista afirma que a maquininha não aceita PIX e exige o uso do cartão físico, alegando que o aparelho não funciona por aproximação.
A vítima insere o cartão e digita a senha, sem perceber que a máquina foi adulterada para clonar dados bancários. O valor cobrado é muito superior ao esperado, e o golpe só é notado após a vítima receber uma notificação do banco ou consultar o extrato.
Com o avanço das tecnologias de pagamento, os golpistas aproveitam vulnerabilidades nos sistemas para aplicar fraudes cada vez mais sofisticadas. "Quando surge uma nova tecnologia, sempre haverá alguém interessado em explorar suas fragilidades", alertou Marques.
Casos como o do médico Thales Bretas, viúvo do humorista Paulo Gustavo (1978-2021), ilustram como esses criminosos operam. Bretas e uma amiga entraram em um falso táxi no Rio de Janeiro. Quando se aproximavam do destino, o motorista simulou um problema mecânico: "O carro ferveu, desce porque pode explodir", contou o profissional da saúde.
O golpista usou uma maquininha sem visor conectada ao celular e exigiu o cartão físico. O médico só descobriu a fraude ao receber um SMS confirmando uma compra de R$ 4.215, valor muito acima do combinado.
No mesmo estado, outra passageira percebeu a fraude a tempo e ajudou a polícia a prender Daniel de Souza Alves, suspeito de aplicar esse tipo de golpe. Ele foi detido em flagrante e indiciado por estelionato. Após a prisão, Thales reconheceu o suspeito ao assistir à reportagem na televisão.
Para evitar esse tipo de crime, a Polícia Civil orienta: