MAIS BEM-ESTAR
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
A influenciadora fitness Manu Cit, um dos principais nomes na internet sobre vida saudável
Publicado em 16/7/2025 - 8h00
Nos anos 2000, ir à academia era "coisa de marombeiro". Suplementos? Algo reservado a atletas profissionais ou fisiculturistas. Em 2025, o cenário é outro: cuidar do corpo e da saúde deixou de ser luxo ou vaidade — virou prioridade de consumo. O mercado fitness e de saúde digital evoluiu de nicho para mainstream, impulsionado por tecnologia, mudança cultural e uma geração inteira disposta a investir mais em bem-estar do que em status.
Durante muito tempo, falar em saúde significava apenas pensar em médicos e farmácias. Hoje, o tema envolve tecnologia wearable, aplicativos, alimentação personalizada, terapia hormonal, biohacking, consultas por vídeo e anéis inteligentes que monitoram o sono em tempo real.
A estética ainda está presente, mas o que impulsiona o novo consumidor é mais profundo: performance diária, prevenção como estilo de vida e longevidade ativa.
O Brasil é o segundo maior mercado de academias do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. O setor de suplementação alimentar movimenta mais de R$ 3 bilhões ao ano.
Marcas como Smart Fit, Integralmedica, Growth e Farmácia Miligrama dividem espaço com plataformas digitais como BTFit, Freeletics, ProntoPro, além de apps de saúde mental como Zenklub, Vittude e Conexa Saúde.
Trata-se de um ecossistema completo de saúde e bem-estar, que conecta o físico ao digital, corpo e mente, produtos e serviços. E não é só sobre treinar: é sobre manter corpo, mente e rotina em alta performance.
Marmitas saudáveis por assinatura, estética regenerativa, skincare funcional, sono monitorado por Oura Ring, pulseiras e smartwatches da Apple, Huawei e Garmin. O consumidor acompanha quanto dormiu, seu nível de estresse, frequência cardíaca em repouso e passos diários. A saúde virou interface. O corpo, um dashboard.
Primeiro, a pandemia. O caos da Covid-19 fez do autocuidado uma urgência. O que era "para depois" virou prioridade. A digitalização impulsionou essa mudança: treinos online, psicólogos por videochamada, planos de saúde digitais e personalização com base em dados.
A geração entre 25 e 40 anos, no auge da produtividade, começou a investir mais em si. Menos em coisas, mais em experiências. Menos em bens, mais em vitalidade e qualidade de vida.
Isso criou um novo mindset de consumo e abriu espaço para oportunidades em diversos setores: healthtechs, clínicas boutique, studios especializados, startups de terapia, delivery de alimentação funcional e serviços personalizados de saúde.
O que antes era visto como custo, agora é investimento. E o mais interessante: a saúde se descolou da doença. O mercado não gira mais em torno de "ficar bom", mas de "ficar melhor". As pessoas querem mais energia, menos ansiedade. Mais foco, menos cansaço. Querem dormir melhor, comer melhor, se sentir melhor — e pagam por isso.
Para as PMEs, há uma avenida de possibilidades: planos mensais de treino com acompanhamento, grupos de bem-estar por assinatura, kits personalizados de suplementação, mentorias de saúde e produtividade, alimentação funcional com delivery, e produtos físicos combinados com acesso digital. O modelo é o mesmo: proximidade, conveniência, resultado.
As grandes empresas também estão se adaptando. A Nestlé lançou linhas de suplementos funcionais. A Apple posiciona o Watch como dispositivo de saúde. A Amazon investe em saúde digital. O iFood já entrega marmitas fitness e remédios. Todos de olho nesse novo comportamento — e quem se mover rápido, com escuta atenta e entrega consistente, sai na frente.
O que as fintechs fizeram com os bancos, o mercado fitness está fazendo com a medicina tradicional: devolvendo poder ao usuário, simplificando o acesso e oferecendo experiências melhores. Porque ninguém quer mais uma cápsula milagrosa — quer sentir-se bem de forma contínua.
Se antes a saúde era só remédio, agora é rotina. Se antes o consumidor esperava um diagnóstico, agora ele acompanha seus sinais vitais no pulso. A pergunta já não é mais "qual seu plano de saúde?". É: "Como está sua saúde hoje?". O presente é saudável. O futuro é vital. E quem entender isso pode transformar bem-estar... em um ótimo negócio.
*As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, o posicionamento do Economia Real.
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