CFO AUTO GROUP

Sem visto e sem inglês, eles criaram negócio de US$ 1,5 mi nos EUA

DIVULGAÇÃO/CFO AUTO GROUP

Vasco Pinheiro e Diego Moralles na frente de carros na CFO Auto Group

Vasco Pinheiro e Diego Moralles; brasileiros criaram concessionária na Flórida, nos EUA

Publicado em 11/7/2025 - 6h00

Ficar frente a frente com um juiz no tribunal já é uma situação difícil — imagine vivenciar isso no exterior e sem falar a mesma língua. Esse foi apenas um dos desafios que o brasileiro Diego Moralles, conhecido como Didi, enfrentou durante a criação da CFO Auto Group, concessionária que vende carros seminovos na Flórida, nos Estados Unidos, e que já movimenta mais de US$ 1,5 milhão em faturamento anual.

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"Nos Estados Unidos, carro usado não tem Código de Defesa do Consumidor. Se quebrou depois da compra, o problema é seu. Eu comecei a me destacar porque, se o carro quebrava, eu resolvia. Simples assim", explica Didi em entrevista ao Economia Real.

Após chegar aos EUA em 2017, o empresário fez diversos bicos até começar a empreender com a compra e venda de veículos usados. Com US$ 800, adquiriu um "carro velho", investiu US$ 300 em peças para reformá-lo e limpá-lo e, depois, vendeu o veículo por US$ 2 mil.

"Quando cheguei e fui comprar meu carro, fiquei uma hora sentado numa loja e ninguém me deu nem boa tarde. O carro que fui ver estava sujo e sem bateria. Vi uma oportunidade clara de fazer o básico bem feito", relembra.

Com o lucro e uma pequena reserva, comprou outros dois. Pouco tempo depois, já operava com cinco carros prontos em sua garagem na cidade de Windermere, região metropolitana de Orlando. Nascia ali a CFO, sigla para Carro Fácil Orlando.

Em poucos meses, o espaço ficou pequeno e o barulho começou a incomodar os vizinhos. Após ser denunciado por comércio irregular e multado em US$ 20 mil, Didi convenceu o juiz de que recolhia impostos e queria se regularizar. Ganhou 60 dias para conseguir a licença e, mesmo sem visto de trabalho, obteve autorização para abrir oficialmente a loja.

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Diego Moralles

Diego Moralles ao lado do "selo Didi de qualidade"

O "selo Didi de qualidade" e a viralização

A virada de chave veio com o "selo Didi de qualidade", um adesivo com sua própria foto fazendo joia, colado nos carros vendidos. "Se der problema, pode trazer de volta", dizia nos vídeos informais publicados nas redes sociais — hoje, o empresário acumula mais de 170 mil seguidores só no Instagram.

A autenticidade viralizou entre a comunidade brasileira na Flórida, que passou a indicar a CFO Auto Group como referência em confiança e atendimento. As recomendações espontâneas cresceram, os vídeos se espalharam no Facebook e, logo, as parcerias começaram a surgir, inclusive com outras lojas que tinham estoque, mas não conseguiam vender. "Eu vendia mais rápido do que conseguia comprar carro", conta.

Atualmente, a concessionária comercializa desde carros populares até modelos de luxo, como Porsche e Aston Martin. Já foram mais de três mil veículos vendidos. A empresa também atua com carros zero quilômetro em parceria com concessionárias da Toyota, Kia e Hyundai.

Nesse modelo, o carro é enviado direto da fábrica, sem necessidade de estocagem, e a loja é comissionada pela venda. "Hoje eu tenho um showroom para todos os perfis: para quem acabou de chegar, para quem quer um carro funcional e para quem está realizando um sonho. Atendo desde famílias a artistas e empresários", diz o empresário, que divide o comando da empresa com o também brasileiro Vasco Pinheiro.

Mais recentemente, a empresa passou a operar com veículos de alto padrão por meio de parcerias com redes como a The Collection Miami. Assim, Didi e sua equipe oferecem atendimento personalizado com champanhe e visita noturna ao showroom, quando necessário.

Comparativo: quanto custa um carro no Brasil e nos EUA?

A pedido do Economia Real, Didi fez simulações de preços para mostrar as diferenças entre comprar um carro nos Estados Unidos e no Brasil. "A primeira regra é entender que você não pode pensar convertendo para real. Já que você vai estar aqui e ganhar dinheiro em dólar, tem que raciocinar que US$ 1 é R$ 1, não que vale R$ 5 ou R$ 6", afirma.

Uma Hyundai Tucson 2024, por exemplo, que no Brasil custa entre R$ 150 mil e R$ 199 mil, está disponível na CFO por US$ 27,9 mil. Com entrada de 20% (US$ 5,5 mil), o restante pode ser parcelado em 60 vezes de US$ 610.

Já um Fiat 500 2012 é vendido por US$ 5,2 mil — no Brasil, o mesmo modelo varia de R$ 35 mil a R$ 60 mil. Com entrada de US$ 1 mil, o comprador paga 60 parcelas de US$ 180.

O próximo passo de Didi é transformar a CFO em uma instituição financeira. A empresa já opera com crédito direto ao consumidor, mas aguarda a liberação da licença oficial para atuar como financeira automotiva e a expectativa é que a autorização saia até novembro.

A estratégia é atender um público emergente nos EUA, formado principalmente por brasileiros e latinos que já têm renda e estabilidade, mas enfrentam barreiras de acesso ao crédito bancário. "O Brasil é uma fábrica de emergente. E a CFO é para esse cliente que quer ser bem atendido, quer confiança e quer comprar bem", finaliza.

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