TRABALHO NA GRINGA

Presta serviço para fora do Brasil? Veja quando a tarifa dos EUA pode te atingir

Tarifaço dos EUA não atinge serviços digitais, mas PJs que trabalham para o exterior devem ficar atentos à oscilação do dólar e aos contratos.

CHRISTOPHER GOWER/UNSPLASH

Profissionais que trabalham para o exterior podem ser impactados pelo tarifaço de Donald Trump

Publicado em 10/7/2025 - 14h15

A taxação de 50% anunciada pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos importados do Brasil também acende o alerta em profissionais autônomos e pessoas jurídicas que prestam serviços para empresas norte-americanas, especialmente nas áreas de tecnologia e serviços digitais. Será que elas serão prejudicadas com o novo capítulo do "tarifaço"?

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"Depende do seu caso", explica Eduardo Garay, CEO da TechFX, plataforma de câmbio especializada em profissionais brasileiros que recebem do exterior, em entrevista ao Economia Real. "Se você trabalha remotamente do Brasil, o impacto direto é limitado. As tarifas incidem sobre produtos físicos, não sobre serviços digitais", complementa.

A situação muda quando a empresa contratante tem presença física ou estrutura no Brasil. "Aí a coisa muda de figura. Empresas com custos maiores podem revisar orçamentos e contratos", aponta Garay.

Mesmo para quem presta serviços internacionais como PJ, o tarifaço pode gerar efeitos colaterais, especialmente na cotação do dólar. "Com o anúncio das tarifas, a cotação do dólar apresentou uma subida imediata. Para quem recebe na moeda, isso pode representar um aumento significativo do poder de compra no Brasil", diz o executivo.

Nesse cenário, o cuidado com a gestão cambial passa a ser ainda mais importante. "A maior atenção no curto prazo está na volatilidade da moeda e na escolha do melhor momento para converter. A diferença dentro de um mesmo dia pode chegar a até R$ 0,10 para cada dólar convertido", alerta.

Imagine que você precisa converter US$ 5 mil. Uma oscilação de R$ 0,10 representa R$ 500 a mais ou a menos no seu bolso", comenta Garay.

A recomendação é buscar plataformas de câmbio que ofereçam mais autonomia na conversão. "Procure plataformas que te deem liberdade para escolher o melhor momento de conversão e monitore constantemente as notícias e evolução da moeda", reforça o executivo.

diVULGAÇÃO/TECHFX

Eduardo Garay, CEO da TechFX

Como se proteger das instabilidades nas relações Brasil-EUA

O cenário internacional segue imprevisível. Com a possibilidade de as tarifas aumentarem ainda mais ou até serem revertidas, a insegurança se estende também para prestadores de serviço. "É muito difícil prever o que acontecerá nos próximos passos. Negociação diplomática? Retaliação?", questiona Garay.

Diante disso, ele defende um tripé de atuação: informação, comunicação e contratos bem estruturados. "A melhor saída para lidar com as instabilidades são a informação e a comunicação", resume. Garay recomenda três medidas práticas:

  1. "Converse diretamente com a empresa e pergunte se as medidas terão impacto na sua atividade";
  2. "Acompanhe as notícias sobre o tema para entender o impacto verdadeiro";
  3. "Se possível, inclua cláusulas em contrato que protejam de oscilações extremas na cotação da moeda e nas relações de trabalho".

Embora o momento exija atenção, Garay reforça que não é motivo para pânico: "Por hora, embora o cenário mereça atenção, não é momento de desespero. As medidas não impactam diretamente a exportação de serviços, e quem já trabalha para empresas americanas pode inclusive se beneficiar com a subida da moeda".

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