SEGUE NO BERÇO
Bebês reborn viralizam nas redes e viram tema político, mas vendas seguem estagnadas no varejo físico, mesmo com descontos e ações promocionais.
VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL
Bebê reborn; equipe do Economia Real visitou shoppings em SP e conversou com vendedores
Publicado em 22/5/2025 - 13h00
A onda dos bebês reborn ganha cada vez mais repercussão nas redes sociais e até no debate político, mas ainda não se converteu em alta nas vendas do varejo físico. A equipe do Economia Real visitou shoppings na cidade de São Paulo e descobriu que, segundo vendedores de lojas especializadas em bonecas hiper-realistas de recém-nascidos, o movimento segue estável nas últimas semanas.
Em uma das lojas visitadas pela reportagem, os descontos chegavam a 38% como tentativa de impulsionar os resultados, sem sucesso. "As vendas continuam no mesmo nível desde que começamos", afirmou uma das vendedoras, que preferiu não se identificar.
A apuração foi feita em pontos comerciais da zona leste paulistana, nos bairros de Itaquera e Aricanduva. Enquanto os modelos personalizados e artesanais vendidos na internet podem ultrapassar R$ 15 mil, nos shoppings as versões básicas variam de R$ 150 a R$ 750.
Já opções premium, como uma bebê reborn vestida com traje inspirado no personagem Stitch, da Disney, são comercializadas por até R$ 2,5 mil. Confira:
Embora as bonecas realistas enfrentem dificuldades de venda no varejo, o tema domina o ambiente digital. No TikTok, a hashtag #bebêreborn já acumula mais de 25,6 mil publicações em português.
O vídeo em destaque na tag soma 8,8 milhões de visualizações e mostra a arquiteta Gabriella Ultramar com a filha Cecília. Em tom de brincadeira, a mãe apresenta a pequena como se fosse uma bebê reborn:
Outro conteúdo viral, com 18,3 milhões de visualizações, mostra o relato de uma mulher que diz ter sido xingada na praça de alimentação de um shopping enquanto "cuidava" da boneca. "Fui chamada de maluca no shopping por estar com o meu filho no colo", afirmou.
Com o tema em alta, ao menos três projetos de lei sobre bebês reborn foram apresentados na Câmara dos Deputados. As propostas dos deputados Paulo Bilynski (PL-SP) e Zacharias Calil (União-GO) preveem, respectivamente, punições para profissionais de saúde que tratem as bonecas como pacientes e para pessoas que usem os brinquedos com o intuito de obter vantagens indevidas, como furar filas prioritárias.
Na direção oposta, a deputada Rosângela Moro (União-SP) apresentou projeto que prevê apoio psicológico para quem desenvolve vínculos emocionais excessivos com os bonecos.
Ainda em Brasília, o deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante-BA) levou um bebê reborn ao plenário da Câmara dos Deputados na última terça (20). Durante o discurso, o parlamentar chamou a boneca de "neta" e afirmou que brincar com reborns "não é pecado", embora tenha criticado seu uso em instituições como o SUS e igrejas.
A pauta também chegou ao executivo municipal. O prefeito de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos), conhecido como "Prefeito TikToker", promoveu uma ação cultural na biblioteca do município. A atividade permitiu que crianças e adolescentes "pegassem emprestado" bebês reborn, como se fossem livros.
Durante a atividade, foram entregues certidões de nascimento e carteirinhas de vacinação simbólicas dos bonecos. O vídeo da iniciativa ultrapassou um milhão de visualizações em poucas horas. Segundo a prefeitura, o evento foi gratuito e teve apoio de parceiros privados.