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Empreendedora faz contas durante planejamento; Reforma Tributária exige atenção dos empresários
Publicado em 10/7/2025 - 6h00
A Reforma Tributária, que começa a ser implementada em 2026, trará mudanças importantes para as empresas do Simples Nacional. Ao contrário do que dizem alguns rumores, o regime não será extinto. Pelo contrário: os empresários terão mais possibilidades de escolha, o que exige atenção redobrada na hora de planejar os tributos e competir por clientes em um cenário de gestão fiscal otimizada e planejamento tributário para pequenas empresas.
"Apesar de não faturarem bilhões, as pequenas e médias empresas são as que mais empregam e movimentam a economia. E a maioria delas está no Simples. É um grupo muito volumoso e que precisa entender o que muda", diz Plínio Reis, sócio-fundador da Bart Gestão Tributária, ao Economia Real.
Hoje, quem está no Simples Nacional paga todos os tributos federais, estaduais e municipais por meio de uma única guia, o DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional). Com a Reforma, esse modelo continuará em vigor, mas os empresários também terão acesso ao "Simples híbrido", que permite recolher os novos tributos (IBS e CBS) fora do DAS e, assim, gerar créditos tributários que podem virar créditos fiscais para os clientes.
O principal benefício do "Simples híbrido" está na possibilidade de gerar créditos fiscais para os clientes, algo que o modelo atual do Simples não permite. E isso pode se tornar uma vantagem competitiva crucial em negócios B2B (em que o cliente é outra empresa) e valoriza a dedução de tributos nas compras, otimizando o fluxo de caixa e reduzindo o custo efetivo de aquisição.
Se dois concorrentes estão no Simples, mas só um gera créditos para o cliente, o cliente vai preferir comprar dele. Isso pode virar um fator decisivo na escolha de fornecedores. Hoje, o empresário do Simples nem pensa nisso, mas com a reforma vai precisar entender", destaca o tributarista.
Para quem continuar no modelo tradicional, nada muda: seguirá pagando uma única guia, sem gerar créditos. Já quem optar pelo híbrido pagará os tributos IBS e CBS separadamente, com direito a aproveitar créditos sobre suas compras e gerar créditos para os clientes, um diferencial competitivo na gestão de custos tributários.
diVULGAÇÃO
Plínio Reis, sócio-fundador da Bart Gestão Tributária
De acordo com o tributarista, a decisão entre manter o modelo tradicional ou aderir ao híbrido poderá ser feita duas vezes por ano, em janeiro e julho. Isso permite que o empresário avalie o perfil do seu negócio sem se comprometer com uma escolha única, usando simulações de cenários para um planejamento tributário mais estratégico.
"Vai ser possível fazer simulações e decidir com base em dados. Por exemplo: no primeiro semestre, o empresário pode ter mais clientes pessoa física e escolher o modelo tradicional. No segundo semestre, se o perfil dos clientes mudar, ele pode optar pelo híbrido", afirma Reis.
Segundo o especialista, isso abre espaço para um planejamento tributário mais estratégico: "Hoje o Simples é muito amarrado, não permite planejamento. A Reforma muda isso. Quem se preparar e buscar apoio técnico terá uma vantagem competitiva clara".
O recado para os pequenos e médios empresários é direto: a Reforma não elimina o Simples Nacional, mas cria uma nova possibilidade que pode impactar profundamente a rentabilidade, os preços e a competitividade de cada negócio, reforçando a importância de uma assessoria especializada em gestão fiscal.
"Vai ter empresário que vai achar mais fácil continuar como está. Mas se o concorrente entender melhor as regras e oferecer vantagens fiscais aos clientes, pode ganhar mercado. O planejamento tributário vai deixar de ser algo exclusivo das grandes empresas", conclui Reis.
Este conteúdo integra a série especial do Economia Real sobre a Reforma Tributária. Publicamos novos textos às terças e quintas, com análises práticas para quem quer se preparar desde já para as mudanças no sistema tributário brasileiro.
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