REFORMA TRIBUTÁRIA
ILUSTRAÇÃO/CHATGPT
Empresário observa balança digital entre CBS e IBS com antigos tributos se desfazendo ao fundo.
Publicado em 2/9/2025 - 8h30
Atualizado em 2/9/2025 - 16h00
A alíquota final da Reforma Tributária ainda não foi definida, mas isso não significa que os empresários devem esperar de braços cruzados. A partir de 2026, empresas de todos os portes passarão a pagar novos tributos sobre o consumo: a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços). Juntos, eles substituirão PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI, o que muda completamente a lógica de apuração e precificação de produtos e serviços no Brasil.
"Um cálculo exato de quanto a empresa vai pagar em 2026 ainda não é possível. A alíquota padrão definitiva ainda não foi fixada, ela será definida por lei complementar e dependerá da arrecadação dos tributos que estão sendo substituídos", explica Fernando Brolo, sócio-fundador e CSMO da Logithink. Ele complementa: "Mas isso não significa que você está de mãos atadas. É possível fazer simulações e projeções".
A estimativa do governo é que a carga tributária fique entre 26,5% e 28%, com um teto de 26,5% até 2030. "Assim, é totalmente possível realizar simulações, considerando parâmetros divulgados pelo governo e o histórico da própria empresa", reforça Ulisses Brondi, CEO da ASIS.
Apesar da existência de uma alíquota padrão, setores específicos terão regimes diferenciados, como saúde, educação, combustíveis, serviços financeiros, planos de saúde e cooperativas. Também haverá o Imposto Seletivo, voltado a produtos que impactam a saúde ou o meio ambiente, como bebidas alcoólicas e cigarros.
No caso das empresas de serviços, a preocupação é maior. "Tradicionalmente, empresas de serviços têm menos insumos físicos para gerar créditos. Isso pode fazer com que a alíquota padrão pareça mais 'pesada' para elas", alerta Brolo. "Empresas desses segmentos precisam revisar margens, precificação e contratos", destaca Brondi.
Na prática, a alíquota efetiva que cada empresa pagará dependerá de diversos fatores, como:
"Empresas que vendem para outras empresas (B2B) podem ter um impacto mais neutro, pois seus clientes poderão aproveitar os créditos. Já empresas que vendem diretamente para o consumidor final (B2C) podem sentir um impacto maior", explica Brolo.
Os especialistas ouvidos pelo Economia Real reforçam que 2025 é o ano da preparação, mesmo que nem tudo esteja definido. O primeiro passo é mapear o cenário atual da empresa: produtos, serviços, tributos pagos, créditos aproveitados e estrutura de custos.
"É um trabalho de 'e se'! E se a alíquota for X, o que acontece com meu fluxo de caixa e rentabilidade? Se a empresa usa sistemas de gestão empresarial (ERP), comece a migração o quanto antes para adequar seu sistema e iniciar as simulações", orienta Brolo.
Brondi sugere ações práticas como:
Mais do que uma mudança contábil, a Reforma Tributária exige uma revisão ampla da estratégia empresarial. "A preparação vai além do software: envolve capacitar toda a empresa, do atendimento à diretoria, garantindo que cada interação com o cliente traga clareza e segurança sobre a reforma", finaliza Brondi.
Este conteúdo integra a série especial do Economia Real sobre a Reforma Tributária. Publicamos novos textos às terças e quintas, com análises práticas para quem quer se preparar desde já para as mudanças no sistema tributário brasileiro.
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