O ex-garçom que aposta no interior do Brasil e fatura R$ 40 milhões

Filho de agricultores no interior de Santa Catarina, Eleandro da Costa trabalhou como garçom até que um curso profissionalizante de vendas mudou sua trajetória e o levou a se tornar gerente de uma indústria local. Atento à dificuldade de acesso à educação profissionalizante no interior do Brasil, o catarinense decidiu empreender. Abriu uma franquia da Jumper! Profissões e Idiomas em Pinhalzinho (SC), transformou a unidade em modelo para a rede e hoje fatura R$ 40 milhões ao investir na educação longe das capitais.

"Eu sempre acreditei que a educação transforma. Cresci em uma cidade de 10 mil habitantes e sei como é difícil ter acesso à qualificação. Quando vi na Jumper uma oportunidade de empreender e levar esse impacto para outras pessoas, não tive dúvidas", comenta o empresário, hoje sócio e CEO da Jumper! Profissões e Idiomas, em entrevista ao Economia Real.

A virada ocorreu em 2014, após um acidente de trânsito que, felizmente, não trouxe ferimentos graves, mas o fez refletir sobre legado. "Se eu tivesse morrido, o que teria deixado? Percebi que meu propósito estava em transformar vidas pela educação", afirma.

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Ao lado da mulher, Dirléia, Costa investiu parte das economias na primeira unidade da Jumper em Pinhalzinho, cidade com pouco mais de 22 mil habitantes. A aposta era ousada: nem mesmo a franqueadora acreditava que um município tão pequeno poderia sustentar o negócio, mas o empreendedor insistiu.

"O interior tem demanda. Não seria só Pinhalzinho, mas também as cidades vizinhas. Era preciso alguém acreditar e assumir o risco", conta. O resultado surpreendeu: a escola virou referência em matrículas, faturamento e satisfação dos alunos.

Nos anos seguintes, Costa abriu novas unidades e se consolidou como multifranqueado de sucesso. Em 2022, deu um passo maior: comprou 50% da marca e se tornou sócio do fundador, Everton Sabu, quando também assumiu o cargo de CEO da franqueadora.

Dez anos após inaugurar a primeira escola, Costa agora comanda uma rede que já formou mais de 600 mil alunos em todo o país, oferece mais de 40 cursos e faturou R$ 40 milhões em 2024. A meta é ousada: crescer 10% neste ano e dobrar o número de unidades até o fim de 2025, com foco na expansão para o norte do Paraná e o litoral sul de Santa Catarina.

"O setor de educação cresceu 9% no último ano, segundo a ABF. Mas, para nós, mais do que números, é sobre legado. Cada aluno formado é alguém com mais chances de mudar a própria vida. Muitos conseguem bons trabalhos, outros viram empreendedores. Isso nos move", destaca.

Cursos para todas as idades

A Jumper oferece cursos em seis áreas (saúde, idiomas, beleza, tecnologia, administração e indústria), com foco principal em adolescentes, mas o alcance vai além. "Já tivemos uma aluna de 88 anos que fez fonoaudiologia conosco. Esse é o nosso propósito: abraçar diferentes gerações e transformar vidas pela educação", afirma Costa.

Nos últimos anos, a companhia ampliou sua atuação com novas frentes. O Jumper Kids atende crianças com cursos de robótica, programação e inglês, além do contraturno escolar. Também foram lançados programas alinhados às novas demandas do mercado, como Gestor de Inteligência Artificial, oratória, monetização de redes sociais e executivo júnior para jovens empreendedores.

"Muitas empresas querem usar inteligência artificial, mas não sabem por onde começar. Criamos um programa pioneiro no país para formar esse novo perfil de gestor", explica o CEO.

Com investimento inicial a partir de R$ 127 mil, a franquia atrai empreendedores que buscam unir educação e propósito. "Mais do que o capital, avaliamos se o franqueado tem perfil de liderança e comportamento adequado para gerir a unidade. Nove dos nossos dez melhores resultados vêm de casais que tocam juntos o negócio", diz.

Para Costa, o diferencial da Jumper está em apostar no interior do Brasil. "Muitas vezes, somos a única instituição de ensino profissionalizante de um município. Isso nos dá uma responsabilidade enorme, mas também a oportunidade de transformar comunidades inteiras", conclui.