CUIDADO REDOBRADO
ILUSTRAÇÃO/CHATGPT
Usuário recebe notificações falsas de transportadoras, cercado por golpes digitais e phishing.
Publicado em 3/9/2025 - 10h09
Os registros de golpes financeiros no Brasil cresceram 408% entre 2018 e 2024, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Nesse período, criminosos ampliaram as fraudes digitais, com destaque para phishing em transportadoras de e-commerce, falsos concursos públicos, o golpe da maquininha e a falsa central de atendimento bancária, práticas que já causam bilhões em prejuízos e milhões de vítimas em todo o país.
Os golpistas usam e-mails, mensagens de WhatsApp, redes sociais e sites falsos que simulam ser da transportadora, incluindo até o uso indevido do logotipo oficial. Esse crime é conhecido como phishing, em que a vítima é induzida a clicar em links falsos ou baixar arquivos maliciosos para roubo de dados ou cobrança de taxas inexistentes.
Outro golpe em alta é a criação de anúncios falsos de leilões virtuais de eletrônicos a preços baixos, supostamente promovidos por transportadoras. Naturalmente, o consumidor nunca recebe o produto. Além disso, ofertas de empregos inexistentes têm se multiplicado. Criminosos criam sites clonados oferecendo vagas falsas e pedindo taxas de inscrição.
"Estelionatários criaram em redes sociais domínios falsos com o nome e o logotipo da Jadlog, por exemplo, em golpes para oferecer vagas de trabalho falsas e solicitar pagamento do candidato para participar do processo seletivo", explica Alexandro Strack, diretor de TI da Jadlog, ao Economia Real.
Recentemente, uma mulher de 32 anos foi presa em Salvador suspeita de aplicar golpes de empregos falsos, causando um prejuízo estimado de R$ 500 mil às vítimas.
Outro golpe cada vez mais comum é o do concurso público falso. No início deste ano, o Banco do Brasil precisou emitir um alerta sobre um esquema que usava perfis em redes sociais para divulgar um suposto concurso. Os candidatos eram direcionados a páginas falsas que imitavam a identidade visual do banco e exigiam pagamento via Pix ou boleto para inscrição e material didático.
Esses perfis também espalhavam notícias falsas sobre concursos inexistentes em outras instituições, ampliando ainda mais o alcance da fraude.
Os bancos estão entre os alvos preferidos dos criminosos. Pesquisa da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) mostra que 36% dos entrevistados já foram vítimas ou alvo de fraudes bancárias, sendo o golpe da falsa central de atendimento o mais comum.
Nesse crime, a vítima recebe uma ligação de alguém que se passa pelo banco, informando sobre uma suposta transação suspeita. No desespero, a pessoa confirma dados pessoais e, em seguida, é orientada a transferir dinheiro para uma "conta de segurança" ou instalar aplicativos falsos de proteção.
Dica de segurança digital: lembre-se de que bancos nunca pedem senhas, transferências-teste ou envio de valores para contas de segurança. Em caso de dúvida, desligue a ligação e contate seu gerente pelos canais oficiais.
Outro crime em alta é o golpe da maquininha. Quadrilhas usam maquininhas com visor danificado em falsas entregas, corridas de táxi ou até exames médicos. A vítima é induzida a passar o cartão sem ver o valor digitado que, claro, é muito maior do que o informado.
Chegou alguém pedindo para você passar o cartão em maquininha com tela quebrada? Não passe. É golpe", alerta Walter Faria, diretor-adjunto da Febraban.
Há também casos de troca de cartão: o criminoso observa a senha digitada e troca o cartão na devolução. Para evitar, siga os "sempres":
Durante a pandemia, o pagamento por aproximação cresceu e os criminosos se adaptaram. Eles configuram maquininhas para debitar valores e se aproximam da vítima em locais cheios, como ônibus ou festas, encostando na bolsa ou no bolso. Como não há exigência de senha, o dinheiro é debitado na hora.
Dica: configure limites para pagamentos por aproximação ou desative a função. Outra alternativa é usar carteiras "blindadas" ou improvisar uma com papel alumínio para bloquear a radiofrequência.
Golpistas também usam WhatsApp, SMS e e-mail para enviar alertas falsos sobre compras indevidas. Eles pedem que a vítima clique em links ou ligue para números que, na verdade, direcionam para os próprios criminosos. A partir daí, solicitam dados pessoais, senhas ou pedem transferências "de teste".
Segundo o Sicredi, uma dica essencial é respeitar a regra dos 10 minutos: se desligar uma ligação suspeita e quiser ligar para o banco, espere pelo menos dez minutos para evitar que os criminosos mantenham a linha "presa" e interceptem a ligação.
Outra frente de fraude envolve falsas oportunidades de investimento em criptomoedas e NFTs. Os criminosos criam tokens falsificados e até plataformas inteiras de negociação. O resultado é sempre o mesmo: depois de investir, o dinheiro simplesmente desaparece.
Dica: desconfie de retornos astronômicos. Invista apenas em exchanges conhecidas e reguladas.
A lição é clara: desconfie sempre. Os criminosos evoluem junto com a tecnologia, e até os golpes mais manjados ganham novas versões. Manter a atenção é a melhor forma de não entrar para essa estatística.
*As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, o posicionamento do Economia Real.
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