GUERRA COMERCIAL

Tarifaço de Trump exige ação imediata de empresários; veja o que fazer

ALAN SANTOS/PRESIDÊNCIA

Imagem de Donald Trump durante coletiva

Donald Trump durante coletiva; entenda o que empresários podem fazer para enfrentar tarifaço

Publicado em 11/7/2025 - 6h30

O anúncio do presidente norte-americano Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil exige uma mudança imediata de rota por parte das empresas exportadoras. A medida, que passa a valer a partir de 1º de agosto, impacta diretamente o faturamento de negócios que dependem do mercado norte-americano e acende um alerta para gestores que precisam proteger contratos e margens de lucro nos próximos meses.

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"A exportação em si não é tributada. Ou seja, o empresário brasileiro que vende para fora não paga imposto nessa operação", explica Plínio Reis, sócio-fundador da Bart Gestão Tributária, em entrevista ao Economia Real. "O que acontece é que, ao entrar nos Estados Unidos, é o importador americano quem recolhe os tributos. Então, com essa nova tarifa, o cliente lá fora é quem vai pagar 50% a mais".

Na prática, o impacto recai sobre o poder de compra do importador norte-americano, que pode decidir renegociar contratos, exigir descontos ou, simplesmente, substituir o fornecedor brasileiro por outro país com condições mais competitivas.

"Se você vende um produto a R$ 100 para os Estados Unidos, vai continuar recebendo R$ 100. Mas o seu cliente, que antes desembolsava R$ 100, agora vai pagar R$ 150 com a tarifa. Isso pode tornar o seu produto menos atrativo frente a outros concorrentes internacionais", destaca Reis.

A líder de Operações de Comércio Exterior e Novas Soluções da Saygo Comex, Stefânia Ladeira, diz que o primeiro passo é revisar a logística com urgência. "No caso, as empresas que já têm exportações acontecendo, precisam só garantir que elas estejam programadas para chegar antes do dia 1º de agosto. Porque, após o dia 1º, a carga pode sofrer as tarifas e, dependendo da forma como foi negociada, podem ficar como prejuízo para a empresa", diz.

"Quem tem produtos em trânsito ou que estão chegando nos Estados Unidos precisa verificar exatamente como está o status dessas embarcações. Nesse momento, a recomendação inicial é calma, mas principalmente conversar bastante com os seus compradores americanos, para entender também qual é o posicionamento deles em relação a isso e como estão prevendo os próximos pedidos", reforça.

Outra frente crítica é a precificação e a modelagem contratual. As tarifas são cobradas nos EUA, mas a forma como o contrato foi estabelecido pode mudar quem arca com os custos. "Os seus produtos para o cliente final nos Estados Unidos vão ficar mais caros, porque as tarifas são uma sobretaxa de impostos", diz Stefânia.

Dois termos são centrais para quem atua no comércio exterior: DDP (Delivered Duty Paid) e DDU (Delivered Duty Unpaid). No DDP, o vendedor assume todos os custos da operação, inclusive impostos e taxas alfandegárias, até a entrega no destino final. Já no DDU, o comprador é quem arca com esses encargos adicionais.

Diversifique mercados e reduza dependência dos EUA

A escolha entre um modelo e outro tem impacto direto na gestão financeira e no planejamento tributário da empresa, especialmente em momentos de instabilidade como o atual.

"Todas as novas operações que você for cotar, você precisa considerar a questão das tarifas com o que a gente tem hoje, para exatamente evitar que você fique com algum tipo de prejuízo nesse sentido", destaca Stefânia, que ressalta: "As tarifas são americanas, quem tem que pagar no final são as empresas americanas, mas ela tem que fazer parte da sua precificação, se você vende ela como, por exemplo, DDP."

Para Daniel Cassetari, CEO da HKTC e especialista em comércio exterior, o momento também exige uma mudança estratégica de médio e longo prazo. "Exportar para Itália, Espanha e Portugal pode parecer diversificado, mas todos pertencem à União Europeia. Se o bloco enfrentar uma crise, os três mercados serão impactados simultaneamente", explica.

O ideal é atuar em blocos econômicos distintos: países africanos, asiáticos, regiões da América do Sul fora do Mercosul, e também outros mercados da Europa. Isso cria uma malha robusta de destinos", complementa.

Stefânia concorda e defende uma análise detalhada da operação: "Primeiro ponto agora, e o mais importante caso você não tenha, é fazer uma verificação dos seus produtos. Quem exporta isso para os Estados Unidos? Quais as outras tarifas que foram aplicadas para esses países? O preço médio? E também conversar com o seu comprador".

Mesmo com tarifas elevadas, ela ressalta que muitos produtos brasileiros ainda são estratégicos para empresas americanas. "Apesar das tarifas serem altas, os compradores americanos colocaram uma programação. Eles precisam desses produtos lá, talvez a empresa brasileira tenha passado por todo um processo de validação até chegar lá. Então essa mudança não é tão rápida, ela pode acontecer gradativamente", comenta a executiva.

A imprevisibilidade do governo norte-americano torna a situação ainda mais complexa. "Amanhã essa tarifa pode ser zerada ou subir para 60% ou mais. Isso depende do governo dos Estados Unidos, e não há controle sobre isso", afirma Cassetari.

Desde o início do ano, quando começaram os primeiros sinais, as empresas já deveriam ter se preparado. A leitura mais prudente é: não conte com o mercado americano agora", diz.

Diante de tantas incertezas, o empresário precisa agir com base em dados e manter a flexibilidade estratégica. "Ele precisa ter muita consciência de quanto que exporta para os Estados Unidos, quanto que esse produto tem relevância lá. Essa conversa com os compradores é muito importante, esse relacionamento mais próximo. E, por fim, também começar a entender outras rotas. Esse produto, para onde mais eu posso exportar? Como posso escolher quais produtos vão para outros mercados, caso eu perca contratos e negociações?", finaliza Stefânia.


Este artigo foi produzido com uso de inteligência artificial, mas sob a supervisão e responsabilidade de jornalista profissional.

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