ALTA NOS JUROS
SEBASTIAN HERMANN/UNSPLASH
Homem assustado na frente do computador; alta da Selic prejudica pequenas e médias empresas
Publicado em 8/5/2025 - 5h30
Com a alta da taxa Selic para 14,75% ao ano, empresas que dependem de crédito precisam rever suas estratégias financeiras, especialmente as pequenas e médias (PMEs). Reduzir estoques, repassar parte dos custos aos consumidores e priorizar aplicações conservadoras são algumas das estratégias recomendadas por especialistas para enfrentar esse cenário de juros elevados.
"Qualquer empresário que precise de financiamento ou empréstimo será impactado. Quando a Selic sobe, ela eleva as demais taxas de juros do mercado. Com isso, conseguir crédito se torna mais caro", alerta a economista Patrícia Andrade em entrevista ao Economia Real.
Docente da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Patrícia aponta que o impacto, embora generalizado, atinge com mais intensidade setores como a indústria, o varejo e a construção civil.
"Empresas menores são ainda mais sensíveis porque têm menos capital próprio e maior dependência de financiamento", reforça.
Volnei Eyng, CEO da gestora de recursos Multiplike, destaca que os efeitos da alta da Selic se manifestam de maneira distinta entre varejo e atacado.
Quando os juros caem, o atacado reage primeiro. Mas com juros em alta, o impacto aparece antes no varejo. A Selic interfere diretamente na rentabilidade das empresas, pois aumenta o custo da dívida e do investimento, o que reduz o lucro líquido", afirma.
Segundo ele, o aumento das parcelas impacta a decisão de compra de consumidores e empresários: "Se o valor da prestação não cabe no orçamento, a compra é adiada". A pedido do Economia Real, os especialistas listam quatro dicas para reduzir os impactos da Selic nas empresas:
Mesmo com o risco de desagradar os consumidores, reajustar os preços dos produtos ou serviços é uma das estratégias possíveis em tempos de juros elevados.
"Em alguns casos, repassar os impactos da Selic para os preços é inevitável, principalmente para empresários que dependem de financiamento", afirma Patrícia.
Para Eyng, o momento exige cautela. A recomendação é adiar novos investimentos na operação da empresa até que as condições econômicas melhorem.
"Com os juros altos, o custo do capital é elevado. A orientação é esperar condições mais favoráveis", afirma.
Segundo Patrícia, investimentos em renda fixa se tornam mais atraentes nesse cenário. "As aplicações financeiras oferecem rentabilidade maior e, muitas vezes, seguem a referência da Selic", explica.
No entanto, ela ressalta que essa escolha pode enfraquecer a atividade econômica. "Não é a solução ideal, mas é uma forma de proteção para as empresas."
Para melhorar o fluxo de caixa, Eyng recomenda reduzir os estoques, minimizando a necessidade de crédito.
"Reduzir o capital parado evita buscar empréstimos. Juros altos significam menos vendas e, consequentemente, menor faturamento", conclui.
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.