DENTRO DOS NEGÓCIOS

Como pequenas empresas economizam até 95% com energia solar

JOSÉ CRUZ/AGENCIA BRASIL

Placas de energia solar

Placas de energia solar; entenda como pequenas empresas podem economizar com energia solar

Publicado em 6/10/2025 - 8h00

A energia solar deixou de ser um investimento restrito a grandes empresas e se tornou alternativa real de economia para pequenas e médias empresas (PMEs). Diante das altas tarifas de energia elétrica, muitos empreendedores buscam reduzir custos e dar previsibilidade ao caixa com essa migração para as fontes renováveis.

"Com o aumento constante nas tarifas de energia elétrica, pequenas e médias empresas têm buscado alternativas para reduzir custos e preservar a competitividade. A energia solar surge como uma das soluções mais acessíveis e vantajosas, capaz de cortar até 95% da conta de luz e transformar uma despesa fixa em fonte de lucro", explica Rodrigo Bourscheidt, CEO da Energy+, ao Economia Real.

Os especialistas ouvidos pelo Dentro dos Negócios desta semana explicam que existem duas formas principais de acesso à energia solar: a instalação própria de painéis fotovoltaicos no telhado ou terreno da empresa e a geração distribuída, modalidade em que o consumidor utiliza a produção de uma usina existente, sem investir em infraestrutura própria.

A adoção mais tradicional é a instalação de um sistema próprio, com placas fotovoltaicas no imóvel da empresa. O custo, segundo Bourscheidt, varia conforme o tamanho do projeto, a estrutura do telhado e a qualidade dos equipamentos.

"Projetos comerciais pequenos, da ordem de 10 a 30 kWp (quilowatt-pico), tipicamente indicados para padarias, mercearias e pequenos comércios, podem ter um orçamento entre R$ 22 mil e R$ 120 mil, dependendo do tamanho e do equipamento", afirma.

O retorno do investimento (payback) costuma ocorrer entre três e seis anos, com prazos menores em regiões de tarifa elevada ou consumo constante. "Há casos com retorno de dois a três anos. Depois desse período, a empresa passa a produzir energia limpa praticamente de graça por mais de duas décadas", explica o executivo.

Segundo ele, a redução da conta de luz pode chegar a 95%, a depender do perfil de consumo e da eficiência do sistema. "Um pequeno mercado com consumo médio de 2,5 mil kWh por mês paga atualmente cerca de R$ 2,5 mil na conta de luz. Após a instalação de um sistema solar, o valor cairia para algo entre R$ 150 e R$ 200 mensais", exemplifica Bourscheidt.

Para facilitar o acesso, há linhas de crédito específicas em bancos públicos e privados (como BNDES, Banco do Nordeste e Caixa Econômica Federal) que financiam a compra e a instalação das placas. "Muitas empresas conseguem pagar as parcelas do financiamento com a própria economia gerada na fatura, economizando desde o primeiro mês", diz o CEO da Energy+.

Geração distribuída: Economia sem investir em placas

Quem não quer ou não pode instalar equipamentos também tem alternativas. Modelos de geração distribuída permitem que empresas utilizem energia gerada em fazendas solares, com descontos imediatos na conta de luz.

"Nesse modelo, a PME utiliza a produção de uma usina que já existe. A energia gerada é injetada na rede, e a distribuidora local abate créditos diretamente na conta de luz", explica Rafael Zanatta, diretor comercial e de operações da Bow-e, empresa de assinatura de energia do Grupo Bolt.

O formato funciona como um "aluguel de energia limpa". A empresa assina um contrato, consome energia solar e recebe os descontos automaticamente. "A economia começa a aparecer em até 90 dias após a adesão. No nosso modelo, as empresas costumam reduzir de 12% a 20% da conta de energia, sem custos de instalação", completa Zanatta.

A Serena, que atua com parques solares em 11 estados, também oferece o serviço. "Com a geração distribuída, a instalação própria de equipamentos passa a ser descartada, sendo uma opção muito mais econômica para as PMEs", explica Cícero Lima, diretor de Varejo e Marketing da companhia.

Ele detalha que o modelo é ideal para negócios em imóveis alugados ou sem estrutura para painéis no telhado. "Nessa modalidade, a empresa se torna cliente de uma geradora de energia, que possui uma fazenda ou parque solar na mesma região. O consumidor é conectado a esses parques e recebe a energia diretamente na sua conta, com um desconto garantido", afirma.

Além da redução da conta mensal, a adoção de energia renovável traz previsibilidade orçamentária e fortalecimento de imagem de marca. "A energia renovável é uma aliada estratégica dos negócios. Além de reduzir custos, contribui para a agenda ESG (ambiental, social e governança), fortalece a imagem sustentável da empresa perante clientes e investidores e garante mais previsibilidade orçamentária", diz Zanatta.

Lima acrescenta que o uso de energia limpa melhora a competitividade: "Com custos operacionais menores, a empresa pode direcionar recursos para inovação, expansão e melhoria de processos".

O passo a passo antes de aderir

Antes de escolher um modelo, o empresário precisa avaliar o consumo médio mensal e o perfil de uso de energia. "Com esses dados, o empreendedor consegue comparar as modalidades e ver qual se encaixa melhor na sua realidade", orienta Zanatta.

Cícero Lima reforça que a decisão deve se basear em informação e em fornecedores confiáveis: "Busque orçamentos de empresas qualificadas e analise todas as propostas com calma. Verifique o histórico, a transparência dos contratos e se os descontos prometidos estão sendo aplicados corretamente na fatura".

"O ideal é reunir as contas de energia dos últimos 12 meses e solicitar orçamentos detalhados de diferentes empresas. Cada proposta deve mostrar o dimensionamento do sistema, a projeção de economia e o tempo de retorno. Assim, o empreendedor compara cenários realistas e toma uma decisão segura", finaliza Bourscheidt.

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