MODA SUSTENTÁVEL

Estilista chega em Milão ao unir seda com produtos da Amazônia

REPRODUÇÃO/LUDIMILA HERINGER

Modelo posa com peças de seda e tingimento natural, unindo luxo, arte e sustentabilidade.

Modelo posa com peças de seda e tingimento natural, unindo luxo, arte e sustentabilidade.

Publicado em 26/10/2025 - 15h00

A estilista Ludmila Heringer chegou à Semana de Moda de Milão com um pouco da Amazônia em cada peça. A paraense une tecidos nobres a elementos naturais da floresta e, graças a esse trabalho artesanal, já vestiu nomes como a apresentadora Patricia Poeta.

"É uma produção pequena, de alta qualidade, focada na exclusividade e na valorização de cada peça. A gente nunca faz uma peça simples: sempre é uma peça de seda pura, com tingimento natural e aplicação de crochê. Então, não tem como ser uma peça barata", explica Ludmila ao Economia Real.

A estilista utiliza ingredientes amazônicos como andiroba, urucum, cúrcuma e pariri para tingir tecidos como seda e algodão, em um processo totalmente natural e de baixo impacto ambiental. Cada peça é feita de forma artesanal e carrega a identidade cultural da Amazônia, com cores terrosas, texturas orgânicas e acabamentos manuais que traduzem o conceito de moda sustentável.

A virada profissional ocorreu em 2019, quando Ludmila participou de um workshop de nove meses com o estilista André Lima, patrocinado pelo Governo do Pará. O desafio era criar uma coleção em parceria com 22 artesãos locais. "Foi ali que eu percebi o poder de transformar a cultura amazônica em moda de alto padrão, sem perder o sentido de origem", afirma.

Desde então, a marca passou a apostar em produção de ateliê, com foco em qualidade, exclusividade e sustentabilidade, em contraponto ao modelo de fast fashion. Os tecidos são certificados e o processo de tingimento utiliza apenas pigmentos naturais. "Eu quero poder usar a natureza, criar algo muito bom, que faça a pessoa feliz e que o meu trabalho seja valorizado também", diz.

Apesar da valorização crescente da moda consciente, o desafio é manter a operação financeiramente sustentável. As matérias-primas têm custo elevado e a mão de obra especializada é escassa. Mesmo assim, a marca vem conquistando o público de alto padrão e ampliando sua presença para além do Pará, com peças disponíveis em lojas multimarcas de São Paulo e em resorts da Bahia.

O reconhecimento internacional veio com a seleção para representar o Brasil na Semana de Moda de Milão, em parceria com a ApexBrasil e o Texbrasil, programas de incentivo à exportação e à internacionalização de marcas autorais. A experiência na Itália reforçou o propósito da estilista.

O público europeu está muito mais consciente do valor da sustentabilidade e da produção artesanal. Eles entendem o tempo e o trabalho por trás de cada peça", conta.

Em menos de uma década, Ludmila Heringer lançou nove coleções, participou de feiras internacionais e consolidou seu nome entre as principais representantes da sociobioeconomia amazônica. Seu objetivo agora é ampliar a atuação global e fortalecer o diálogo entre moda, natureza e cultura brasileira.

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