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BRUNO PERES/AGÊNCIA BRASIL
Disponível em bancos e fintechs, Pix no crédito tem juros altos e pode virar uma bola de neve
Publicado em 24/4/2025 - 6h55
Desde o lançamento em 2020, o Pix viralizou entre os brasileiros e tornou-se uma das principais formas de pagamento no país. Contudo, uma nova funcionalidade desenvolvida pelas instituições financeiras e já implementada por alguns bancos pode esconder uma armadilha no final do mês: o Pix no crédito.
Nessa modalidade, o cliente realiza uma transferência via Pix e seleciona o pagamento utilizando o limite disponível no cartão de crédito. O destinatário recebe o valor à vista, enquanto quem envia o dinheiro pode quitá-lo em uma ou mais parcelas, de forma semelhante a uma compra no cartão.
Simulações realizadas pelo Economia Real no Nubank mostram o impacto financeiro dessa operação. Um Pix no crédito de R$ 100 à vista transforma-se em uma cobrança de R$ 103,51 na fatura seguinte. No mesmo cenário, uma transferência de R$ 500 resulta em uma dívida de R$ 517,55.
Quando o valor é parcelado, o custo do empréstimo é ainda maior. Um Pix de R$ 100, dividido em três vezes, totaliza R$ 109,06. Já uma transferência de R$ 500, também em três parcelas, chega a R$ 545,30.
O Economia Real procurou o Nubank para comentar o tema, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.
Segundo Gianluca Di Mattina, especialista em investimentos da Hike Capital, essa operação esconde uma armadilha financeira, pois proporciona ao investidor uma sensação de liquidez imediata que não corresponde com a realidade.
"Muitas vezes, o consumidor parcela uma compra sem saber exatamente quanto pagará ao final", explica o profissional. A pedido da reportagem, Mattina compartilha três dicas para usar o Pix no crédito de forma consciente. São elas:
Apesar de nomes parecidos, o Pix no crédito e o Pix parcelado são modalidades diferentes.
O Pix no crédito é uma funcionalidade criada e operada pelos próprios bancos, que oferecem ao cliente a opção de usar o limite do cartão de crédito para enviar uma quantia para outra pessoa.
Já o Pix parcelado é uma nova modalidade em desenvolvimento pelo Banco Central (BC) e que deve entrar em vigor a partir de setembro. Ele funcionará como uma linha de crédito formal, com taxas de juros definidas pelas instituições financeiras.
A proposta do BC é que o valor final pago pelo consumidor seja igual ou menor ao de compras parceladas no cartão de crédito. Além disso, o lojista receberá o valor total da venda à vista, sem necessidade de pagar taxas de antecipação. A nova ferramenta tem como objetivo estimular o uso do Pix no varejo e oferecer uma alternativa competitiva ao crédito rotativo e ao parcelamento no cartão.
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