INTELIGÊNCIA DE DADOS

O segredo da H&M não é moda e sua empresa pode copiar; entenda como

KISHOR/UNSPLASH

Imagem de fachada de loja da H&M no exterior

Fachada de loja da H&M no exterior; empresa de moda conta com forte inteligência de mercado

MATHEUS CEBALLOS, MsC*

redacao@economiareal.com.br

Publicado em 25/4/2025 - 6h45

A nova obsessão da Faria Lima tem nome, sobrenome e etiquetas coloridas: H&M. A gigante do fast fashion sueco desembarcou no Brasil e já causou frisson — não apenas pelo estilo, mas pela promessa por trás do modelo de negócio: velocidade com escala.

Mas o que a H&M, a Zara ou qualquer grande rede de moda têm a nos ensinar não está nas vitrines. Está nos bastidores. Porque o segredo do fast fashion não é moda. É sistema. E sistema, por definição, pode ser replicado.

Enquanto marcas tradicionais, como algumas que já tive a oportunidade de trabalhar, planejam coleções com seis meses de antecedência, Zara e H&M operam em ciclos de 15 dias.

O que elas vendem não é só roupa. É o poder de colocar nas lojas o que o cliente quer agora. E para isso, o ativo mais valioso não é o tecido. São os dados.

Essas empresas usam dados de comportamento de consumo, estoque, feedback de loja, cliques no app, padrões regionais e até previsões climáticas.
Com essas informações, ajustam não só a produção, mas o tipo de peça, o volume por loja e até o preço por região. É inteligência de produto em tempo real.

Antes que você pense "ok, Matheus, mas eu não sou a Zara nem tenho um BI com 15 pessoas", vale lembrar: os dados que movem decisões não precisam ser complexos — só precisam ser úteis. Então como as pequenas e médias empresas podem fazer isso?

Vende no físico?

Observe o que as pessoas mais perguntam, o que fica nas araras, o que acaba primeiro, o que pedem e você ainda não tem. Isso já é dado.

Tem e-commerce ou loja no Instagram?

Use o analytics da própria plataforma. Quais produtos têm mais cliques? Quais são mais salvos? Quais vão para o carrinho, mas não convertem?
A resposta não está só no "produto que vendeu", mas também nos que quase venderam.

Conversa com os clientes?

Registre padrões. Reclamações repetidas, elogios frequentes, desejos não atendidos. Tudo isso é insumo para ajustar seu mix de produto, sua precificação ou até o conteúdo das campanhas.

Pequenas empresas têm uma vantagem poderosa: estão mais próximas do cliente. Enquanto grandes marcas precisam construir sistemas para "ouvir o mercado", empresas menores podem fazer isso no café da manhã, no WhatsApp e no pós-venda — e ainda assim, muitos não escutam.

O erro não é não ter dados. É não transformar as informações do dia a dia em decisões de produto, operação e posicionamento. Não é sobre ter um dashboard sofisticado, é saber onde mirar e ter disciplina para agir.

A velocidade da Zara não vem da pressa, vem do ciclo contínuo de escutar, testar e adaptar. Esse ciclo, com as ferramentas certas, cabe no bolso de qualquer empresa, do ateliê de bairro à rede de franquias.

O futuro não é só digital. É decisional. E quem aprende a decidir melhor, com base no que vê e sente todos os dias, constrói produtos mais rápidos, mais relevantes e muito mais lucrativos.

Feijão com arroz? Sempre! Mas com uma pitada de inteligência de mercado.


As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, o posicionamento do Economia Real.

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