GUERRA SILENCIOSA

Como a Samsung usa internet das coisas para vencer a Apple

DANIEL ROMERO/UNSPLASH

Pessoas com relógios da Samsung e da Apple

Pessoas com relógios da Samsung e da Apple; entenda os bastidores dessa guerra entre gigantes

Publicado em 23/7/2025 - 8h00

Na disputa com a Apple pela liderança global em tecnologia de consumo, a Samsung aposta em uma estratégia silenciosa, mas poderosa: transformar seus dispositivos em peças de um ecossistema conectado. A marca coreana tem investido pesado em Internet das Coisas (IoT) para integrar celulares, TVs, eletrodomésticos e wearables em uma experiência fluida, automatizada e inteligente — algo que vai muito além do design ou da performance individual de cada aparelho.

E o mais interessante? Essa integração é pensada para desaparecer, ou melhor, para se tornar tão natural que o usuário mal percebe o quanto está sendo assistido, otimizado e cuidado. A grande jogada da Samsung não é apenas lançar aparelhos de ponta, é assegurar que todos eles conversem entre si.

O relógio que mede seus batimentos durante o treino envia dados para o celular, que ajusta suas metas no app de saúde. A TV detecta que você chegou em casa e sugere conteúdos com base nos hábitos da família. A geladeira identifica que os ovos acabaram, gera uma lista de compras e envia direto para o supermercado — tudo controlado pelo smartphone.

Não se trata apenas de conveniência. Trata-se de estabelecer um novo padrão de inteligência doméstica, onde o lar se adapta ao comportamento de quem vive nele.

No centro dessa experiência estão os dispositivos vestíveis, os famosos wearables. O Galaxy Watch, por exemplo, vai além de um relógio: é uma plataforma contínua de monitoramento de saúde, sono, estresse e desempenho físico. Integrado ao Samsung Health, ele forma um verdadeiro "espelho inteligente" do corpo humano — capaz de detectar padrões, sugerir prevenções e emitir alertas em tempo real.

Aqui, o IoT ultrapassa a fronteira entre tecnologia e bem-estar. O corpo se transforma em uma fonte contínua de dados, e os dispositivos deixam de ser acessórios periféricos para assumirem papel central na tomada de decisões do dia a dia.

Mas tudo isso precisa de um cérebro e é aí que entra o SmartThings, o sistema operacional da Samsung para gerenciamento de dispositivos conectados. Por meio dele, luzes, cortinas, eletrodomésticos, sensores, câmeras e até aspiradores-robôs podem ser controlados por um único aplicativo. É muito mais do que design elegante com uma maçã mordida. É design com função, tecnologia com conforto, inovação com integração.

E mais: o SmartThings é compatível com padrões globais como Matter e Zigbee, o que torna o sistema aberto, expansível e pronto para interagir com dispositivos de outras marcas.

Com isso, rotinas inteiras podem ser automatizadas: ao sair de casa, as luzes se apagam, o aspirador começa a limpeza e a máquina de lavar entra em operação no horário de menor tarifa. Ao voltar, o ar-condicionado já está ligado, as cortinas abertas e o jantar praticamente pronto.

O que antes parecia cena de ficção científica hoje está disponível, muitas vezes instalado de fábrica. A Samsung entendeu que o novo luxo não é ostentação. É tempo. É previsibilidade. É cuidado com os detalhes. Um sistema que entende o usuário, antecipa suas necessidades e age por ele tornou-se um diferencial competitivo.

E é aí que a estratégia da marca se torna evidente: ela não está vendendo produtos isolados. Está vendendo um estilo de vida: conectado, fluido, inteligente e integrado. Cada item não é apenas um item: é parte de uma rede de soluções baseada em IoT.

Mesmo que o ecossistema da Samsung pareça distante da realidade de uma pequena empresa, há muito o que se aprender com ele. A lógica de conectar serviços, automatizar jornadas e colocar o usuário no centro pode (e deve) ser aplicada em qualquer setor.

O importante é lembrar: a tecnologia precisa ser invisível, mas o valor precisa ser percebido. Seu negócio entrega apenas soluções… ou constrói uma experiência tão integrada que o cliente nem pensa em sair?


*As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, o posicionamento do Economia Real.

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