REVOLUCIONÁRIO?
MONTAGEM/ECONOMIA REAL
Logotipo da CBF sob fundo vermelho; rumores da nova camisa da Seleção revelam estratégia
MATHEUS CEBALLOS, MsC
redacao@economiareal.com.brPublicado em 29/4/2025 - 18h38
Quando começaram os rumores de que a segunda camisa da Seleção Brasileira será vermelha, a internet reagiu (como sempre faz). Teve quem gritasse "ideologia", como se a cor tivesse partido de um comitê político. Outros disseram "é só pra vender", como se os times não lançassem novos uniformes a cada ciclo justamente com esse propósito. Mas talvez seja hora de olhar para essa camisa com um pouco mais de atenção — e contexto.
Porque, quando a Nike decide pintar a Seleção de vermelho, isso não é só cor. É marca. É mensagem. E, muito provavelmente, é uma assinatura silenciosa da Jordan Brand — a mesma que redefiniu o que é ser atleta, ícone e lenda global.
Michael Jordan, ou "Black Jesus", como os adversários o chamavam, não foi apenas o maior da NBA. Foi o primeiro a transformar o esporte em plataforma cultural — e seus tênis, em símbolos de identidade, status e performance. Sua marca transcende quadras, gerações e geografias.
Ser Jordan não é apenas jogar bem. É ser desejado. É misturar performance, estética e exclusividade em uma única mentalidade. É o que aponta o site inglês Footy Headlines, especializado em uniformes de futebol, ao publicar em primeira mão a notícia da camisa vermelha da Seleção.
Enquanto muitos atletas são fenômenos dentro das quatro linhas, poucos transbordam para o imaginário coletivo como Cristiano Ronaldo ou Pelé (1940–2022). Cristiano construiu seu império na combinação de performance máxima e branding agressivo: sua imagem é tão poderosa quanto seus gols. Pelé foi, antes de tudo, um fenômeno esportivo e cultural, exportando o Brasil para o mundo muito antes da globalização como a conhecemos.
Mas Jordan foi além. Ele não apenas jogou. Ele mudou o valor daquilo que tocava. Tornou seus tênis, camisetas e gestos em símbolos de pertencimento a algo maior: a cultura da vitória, da excelência, da exclusividade.
É nesse território que a nova camisa vermelha da Seleção Brasileira parece querer pisar. A cor pode até ter raízes históricas, como o uniforme do Paulistano de 1906, mas sua reinterpretação em 2025 carrega outro tom: é o vermelho dos Air Jordan 1 Chicago, dos muros grafitados de Nova York aos editoriais de moda em Paris. É o vermelho que diz: "aqui joga gente grande".
A Nike não brinca em serviço. O impacto de marketing esportivo já começou: todo mundo está falando sobre a camisa, questionando, opinando, discutindo. E, quando as primeiras unidades chegarem às lojas, vamos falar mais ainda: sobre quem está usando, sobre o que ela representa, sobre quem pode — ou não — vestir aquele vermelho.
Essa é a estratégia da Nike. Não é apenas vender uma camisa. É criar uma narrativa que as pessoas queiram comentar, criticar, defender, viver. O vermelho já está na boca do povo. A grande pergunta agora é: estará também no peito dos brasileiros?
Porque, no fim, não é só sobre cor. É sobre marca. É sobre mentalidade. E, quando você veste vermelho com essa intenção, você não está apenas jogando. Você está mandando um recado.
*As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, o posicionamento do Economia Real.
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