NOVA NARRATIVA

Marketing de fundadores: Quando o CNPJ ganha personalidade nas redes

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Montagem com João Adibe (Cimed), Luiza Helena Trajano (Magalu) e Alfredo Soares (G4)

João Adibe (Cimed), Luiza Helena Trajano (Magalu) e Alfredo Soares (G4) usam própria imagem no CNPJ

MATHEUS CEBALLOS, MsC

redacao@economiareal.com.br

Publicado em 28/5/2025 - 9h30

Durante muito tempo, o "fundador ideal" era discreto. Aquele que liderava nos bastidores, cuidava da operação e deixava o marketing com o time. Mas isso mudou. E talvez o ponto de virada tenha sido a pandemia da Covid-19.

Desde então, os fundadores mais relevantes não são os que falam mais bonito. São os que colocam a cara, contam a história e defendem uma visão clara de mundo. E, com isso, viram voz da marca, motor de vendas e ímã de talentos.

Não se trata de virar blogueiro. Trata-se de entender que, no mundo atual, quem cria conteúdo constrói confiança em escala.

E confiança, como você já sabe, vende mais que desconto.

João Adibe (Cimed): quando o bastidor vira palco

João Adibe, presidente da Cimed, é um dos grandes exemplos dessa virada. Ele transformou o dia a dia da indústria farmacêutica em conteúdo de alto impacto — construindo uma narrativa envolvente de luta, dedicação e sucesso. Narrativa que inspira. E que conecta.

Adibe não romantiza o sucesso. Ele mostra os bastidores com energia, carisma e coragem. E deixa claro que viver, acreditar e se dedicar tem retorno — como também demonstra seu filho, Adibe Marques, que segue os passos do pai com presença ativa nas redes e nas decisões estratégicas.

O resultado?

  • Milhões de visualizações
  • Reposicionamento de marca
  • Novos contratos
  • Respeito de um mercado inteiro

João virou marca. E a marca, mais forte, ganhou mercado.

Alfredo Soares (G4 Educação): conteúdo como alavanca de escala

Alfredo é um dos nomes mais ativos no LinkedIn e Instagram quando o assunto é empreendedorismo de verdade. Ele não posta por vaidade. Posta para ensinar, provocar, vender e posicionar.

Tive a oportunidade de trabalhar na equipe do G4 e testemunhei de perto a genialidade de Alfredo. Seus pitches pareciam conversas — mas convertiam com naturalidade.

As vendas aconteciam porque o conteúdo já educava, já conectava, já entregava valor. Ele compartilha frameworks, bastidores, aprendizados e erros. Fala para um público sedento por conhecimento empresarial.

E com isso, transformou o G4 em uma das maiores referências em educação executiva no Brasil.

Mais do que fundador, ele é a ponte entre o produto e o mercado. E quem consome o conteúdo… já confia antes mesmo de conhecer o curso.

Luiza Trajano (Magalu): a humanização que virou cultura

Poucos executivos conseguiram tornar uma empresa bilionária tão próxima das pessoas como Luiza. Ela não apenas apareceu. Ela assumiu protagonismo nos negócios, nas redes e nas discussões sociais.

Fez do Magalu uma marca com alma, com propósito, com cultura. Mostrou que autoridade se constrói com vulnerabilidade, consistência e presença. E que é possível escalar resultado sem perder a conexão.

Mas… e quando o fundador não aparece?

Esse é um ponto importante: não existe uma única fórmula.

Empresas como Apple e Nike (exceto o caso icônico da Jordan Brand) nunca colocaram seus fundadores como rosto da marca. Steve Jobs (1955 - 2011) falava no palco, mas a Apple sempre vendeu produto, design e estilo de vida. A Nike constrói branding com atletas, com cultura e com storytelling. Não com seu fundador.

A própria Meta tentou, por um tempo, posicionar Mark Zuckerberg como protagonista de campanhas. Mas percebeu que isso não ressoava com o público.

Porque marketing não é sobre ego. É sobre entender o que funciona com a sua audiência. Errar faz parte. Testar é obrigação.

Você não precisa ter a eloquência de Alfredo, o carisma de Luiza ou a energia de João. Mas precisa ter clareza sobre o que o seu público valoriza — e coragem para testar.

Talvez o melhor influenciador da sua marca seja:

  • O cliente
  • O técnico que atende com excelência
  • Ou o conteúdo que você cria com verdade e constância

O conteúdo do fundador não é vaidade. É estratégia.

Quando bem feito, ele:

  • Humaniza a marca
  • Reduz o custo de aquisição
  • Aumenta o valor percebido
  • Atrai talentos que se identificam com o propósito
  • Posiciona o negócio como referência

Mas, se isso não combina com o seu modelo, sua essência ou seu público, tudo bem. O que não dá, é ignorar o que o seu mercado está pedindo — por medo de errar.

A nova pergunta do marketing: Marcas que não falam somem. Você tem usado sua voz — ou está deixando passar? E no mercado de hoje, quem não é lembrado… é esquecido. E quem é esquecido… não vende.


*As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, o posicionamento do Economia Real.

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