BNDES estuda suspender dívidas de empresas afetadas por tarifas dos EUA

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estuda a possibilidade de suspender temporariamente o pagamento de dívidas de empresas brasileiras impactadas pelas sobretaxas impostas pelos Estados Unidos. A estratégia seria semelhante à adotada para auxiliar empresas atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul em 2024.

"Nós vamos ter que estudar junto com a Fazenda, com os bancos. Mas, em alguns complexos regionais, especialmente de produtos perecíveis, enquanto as compras públicas não estiverem implantadas, talvez tenhamos que tomar essa medida. Ela surgiu da nossa pauta de conversas e vou levar para o governo, para tentar desenhar uma estratégia", afirmou Aloizio Mercadante, presidente da instituição, durante um encontro com prefeitos de 15 municípios realizado na quinta (28).

Segundo as informações divulgadas pela Agência Brasil, entre os participantes da reunião estavam os prefeitos Eduardo Paes (Rio de Janeiro), Alexandre Ferreira (Franca/SP) e Simão Durando (Petrolina/PE). Durante o encontro, Mercadante apresentou detalhes do Plano Brasil Soberano, programa federal criado para apoiar exportadores e trabalhadores afetados pelas tarifas americanas.

ANNA CAROLINA GOUVEIA

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O BNDES disponibilizará R$ 40 bilhões em quatro linhas de crédito. Desse montante, R$ 30 bilhões virão do Fundo Garantidor de Exportações (FGE) e R$ 10 bilhões de recursos do próprio banco. Empresas que perderam mais de 5% do faturamento bruto total terão acesso prioritário a esses recursos.

"A equipe vai percorrer os municípios mais afetados e fazer uma audiência pública com os empresários para detalhar as linhas de crédito. Isso para que o processo possa fluir o mais rápido possível, porque o tempo é fundamental na economia. Quanto mais a gente atrasa, maior é o prejuízo. Se a gente se antecipa, e todo mundo consegue manter as suas atividades, a economia segue crescendo", explicou o presidente do BNDES.

As linhas de crédito estão divididas em quatro categorias: Capital de Giro, Giro Diversificação, Bens de Capital e Investimento. O cronograma exato para a implementação da suspensão temporária de dívidas ainda não foi divulgado pelo banco.

O prefeito de Petrolina, Simão Durando, afirmou que o tarifaço promovido pelo presidente Donald Trump deixou todos de "mãos atadas". "Viemos junto ao BNDES pedir dilatação de prazos, como também o acesso ao crédito para pequenos, médios e grandes exportadores do Vale do São Francisco", disse.

Durando destacou a importância do setor para a região. "Um terço da população de Petrolina vive diretamente da fruticultura irrigada. No Vale de São Francisco, mais de 1 milhão de pessoas dependem da fruticultura irrigada da exportação de manga e uva para os Estados Unidos, América do Norte e Europa. A gente sai daqui satisfeito, com as propostas financeiras que vão ser implementadas", complementou.

No Vale do São Francisco existe uma janela crítica entre agosto e outubro para exportar 2,5 mil contêineres de manga e 700 contêineres de uva para os Estados Unidos. Em Franca, o setor calçadista emprega diretamente entre 12 mil e 14 mil pessoas.

Alexandre Ferreira, prefeito da cidade localizada no interior de São Paulo, ressaltou os impactos no setor calçadista: "Hoje, nós temos em torno de 1 milhão de pares de sapatos que vão ser brecados no embarque. Nós temos algumas especificidades ─ o modelo e a forma do calçado vendido para os norte-americanos são diferentes do resto do mundo e diferentes do mercado interno brasileiro. [São] Contratos que foram feitos no ano passado, com previsão de entrega agora. Não conseguiremos colocar os produtos em outro mercado".

Este artigo foi produzido com uso de inteligência artificial, mas sob a supervisão e responsabilidade de jornalista profissional.