ECONOMIA PRATEADA

Com envelhecimento do país, cuidador de idosos vira profissão do futuro

DIVULGAÇÃO/3I RESIDENCIAL SENIOR

Valquiria da Rosa Borges de Souza, cuidadora de idosos na 3i Residencial Sênior

Cuidadores de idosos: mercado em expansão e com alta demanda por qualificação profissional

Publicado em 28/5/2025 - 10h15

Com o envelhecimento acelerado da população brasileira, a economia prateada ganha cada vez mais relevância nos negócios. Além da criação de soluções voltadas à terceira idade, uma profissão antes marginalizada retoma prestígio e respeito: a de cuidador de idosos. De olho nesse segmento, empresas desenvolvem iniciativas para capacitar profissionais e suprir a crescente demanda.

"É preciso entender que cuidar de um idoso vai além de fornecer cuidados básicos como alimentação e medicação. Exige empatia, vocação e escuta ativa. São os cuidadores que precisam se transformar para, com suas ações, melhorar a vida dessas pessoas", afirma a cuidadora Valquíria Souza em entrevista ao Economia Real.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas com 60 anos ou mais dobrou nas últimas duas décadas e chegou a marca de 33 milhões -- um dos principais fatores para o crescimento da economia prateada, termo que se refere ao conjunto de produtos, serviços e oportunidades de mercado voltados para idosos.

No Brasil, esse avanço populacional elevou a demanda por profissionais especializados, mas a oferta de mão de obra qualificada não acompanhou esse crescimento. Entre 2019 e 2023, o número de cuidadores formais cresceu apenas 15%, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

"Nosso país tem uma demanda gigantesca nesse mercado, e muito em breve pode faltar mão de obra especializada para atender tantos idosos. Com formação adequada, é possível oferecer um cuidado humanizado, que é o que realmente importa", afirma Fábio Thomé Alves, CEO da 3i Residencial Sênior, rede de franquias de unidades assistenciais para a terceira idade.

A companhia conta com quatro unidades em operação em Campinas (SP) e pretende abrir mais três espaços no interior paulista e um em Recife (PE) até o final de 2025. No ano passado, a 3i registrou um faturamento de R$ 5,2 milhões e pretende alcançar a marca de R$ 10 milhões até o fim de 2025.

Contudo, para atender às exigências do setor e chegar nesse resultado financeiro, a profissionalização de cuidadores de idosos se tornou prioridade. "A qualificação é fundamental. O cuidador precisa ter não apenas conhecimento técnico, mas também habilidades emocionais. Ele é o elo entre a família e o idoso, e a formação deve ser completa", reforça Alves.

A empresa oferece cursos que abrangem desde os cuidados físicos até técnicas voltadas ao bem-estar psicológico. "Buscamos formar cuidadores que atuem como 'concierges geriátricos'. Queremos que entendam que o cuidado não se limita ao físico, envolve também o lado emocional e social do idoso", completa o CEO.

DVULGAÇÃO/3I  Residencial SENIOR 

Fabio

Fábio Thomé Alves, CEO da 3i Residencial Sênior

Entraves jurídicos ainda desafiam o setor

Outro gargalo para o avanço da profissão é a falta de regulamentação. No fim de 2024, o Projeto de Lei 5.178/2020, que busca regulamentar a profissão de cuidador, foi aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. O texto, no entanto, ainda precisa ser analisado por outras comissões antes de seguir para votação no Plenário.

De acordo com o projeto, o cuidador de idosos deverá cumprir os seguintes requisitos:

  • Ter mais de 18 anos;
  • Ter concluído o Ensino Fundamental;
  • Comprovar a conclusão de curso profissionalizante em instituição de ensino reconhecida.

"Essa profissão tem enorme potencial. O futuro do cuidado aos idosos depende dela, e estamos apenas no início. Este é um momento decisivo, e o reconhecimento profissional será determinante para a expansão do mercado", conclui Valquíria.

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