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O gargalo escondido que pode travar a Black Friday em 2025

Black Friday 2025 deve movimentar R$ 13 bi no e-commerce, mas logística, frete e tecnologia serão os maiores desafios para atender consumidores.

ILUSTRAÇÃO/CHATGPT

Caminhão de entregas em meio ao congestionamento da Black Friday, cercado por ícones logísticos.

Publicado em 18/9/2025 - 10h00

A Black Friday 2025 promete ser um divisor de águas para o e-commerce brasileiro: com projeções de crescimento entre 10% e 16% no volume de pedidos e faturamento, a data deve movimentar mais de R$ 13 bilhões em vendas. Mas, além das promoções agressivas, o maior desafio estará em entregar milhões de pedidos dentro do prazo e a preços competitivos.

"O maior gargalo está no transporte, especialmente na gestão de fretes e integração com transportadoras, citados por quase 55% das empresas", aponta Clóvis Rodrigues, diretor de Operações da Frete Rápido, ao Economia Real.

Para Adriano Cagnini, diretor de operações da Mobiis, o problema é multifatorial. "Planejamento e integração continuam sendo o principal ponto crítico da operação. Filas extensas, janelas mal gerenciadas e veículos parados transformam caminhões em capacidade ociosa", avalia.

Já Ross Saario, CEO da Intelipost, reforça que o transporte rodoviário, dominante no Brasil, tende a ser o elo mais frágil. "O pico repentino de volume pressiona a malha logística, gerando atrasos, aumento do custo de frete e sobrecarga nas transportadoras", afirma.

O frete, que em 2024 chegou a representar até 12% do valor médio dos pedidos, deve seguir como peso para lojistas em 2025. Saario alerta para uma "tempestade perfeita", com alta nos combustíveis, falta de motoristas e demanda crescente.

Para Cagnini, a saída está na eficiência: "Empresas que adotarem roteirização inteligente, consolidação de cargas e gestão dinâmica de janelas tendem a reduzir a quilometragem em até 15%".

Tecnologia como aliada

Nesse cenário, a tecnologia logística ganha protagonismo. "A inteligência artificial (IA) permite prever gargalos antes que ocorram e sugerir ajustes em tempo real nas operações", explica Rodrigues, que destaca o uso de torres de controle para monitorar entregas e reduzir atrasos.

Além disso, a automação já deixou de ser piloto entre grandes players do setor. Robôs, sistemas WMS (Warehouse Management System, sistema de gestão de armazéns) avançados e esteiras integradas se consolidam como padrão em centros de distribuição.

A tendência é que a Black Friday de 2025 marque uma maturidade maior da logística digital, menos dependente de processos manuais", avalia Rodrigues.

A pressão por sustentabilidade também cresce. De acordo com os especialistas, empresas devem apostar em otimização de rotas, ship from store (entrega feita a partir da loja mais próxima do cliente), malhas alternativas no last mile (última etapa da entrega) e logística reversa eficiente.

"Devido ao aumento nas devoluções pós-Black Friday, as empresas estão investindo em processos mais eficientes para gerenciar a logística reversa, promovendo a reutilização, reciclagem e descarte adequado dos produtos devolvidos", aponta Saario.

Para Cagnini, quem se planejar sairá na frente: "IA de fato operacional, automação mais profunda e transparência ao consumidor serão o divisor de águas em 2025".

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