GRILO MOBILIDADE

A mudança ousada que levou uma startup gaúcha a crescer acima de 300%

CHRISTIANO CARDOSO/GRILO

Minitrucks elétricos da Grilo Mobilidade

Minitrucks elétricos da Grilo Mobilidade; empresa mudou estratégia e cresceu 300% em 2024

Publicado em 27/8/2025 - 7h00
Atualizado em 27/8/2025 - 10h45

Mudar tudo não é fácil, mas foi essa atitude que fez a Grilo Mobilidade crescer a receita em 334% no ano passado. A companhia gaúcha, que nasceu para transportar passageiros na última milha (do ponto de ônibus até em casa, por exemplo), pivotou em 2023 e investiu todas as fichas no mercado corporativo, ao passar a transportar mercadorias em trajetos de curta distância, como a entrega de farmácias. Agora, a meta é expandir a operação para fomentar o last mile no Brasil.

"Hoje não temos concorrência que faça o que fazemos: last mile 100% elétrico, com múltiplos equipamentos e foco em nível de serviço. Nossa missão é provar que logística urbana pode ser eficiente, sustentável e acessíve", afirma Carlos Novaes, CEO da Grilo Mobilidade, ao Economia Real.

Fundada em Porto Alegre (RS) em 2020, a Grilo começou como um app de transporte individual para complementar o deslocamento urbano. A ideia era atender passageiros que precisavam ir de estações de trem, metrô ou ônibus até suas casas. Mas a pandemia e a suspensão da licença em São Paulo levaram a empresa a repensar sua estratégia.

"Em 2023, percebemos que ou seguiríamos brigando contra barreiras regulatórias, ou trabalharíamos onde havia espaço para inovar. Foi quando pivotamos para o B2B e passamos a focar em contratos corporativos", relembra.

Hoje, a empresa opera em Porto Alegre e São Paulo (SP), com frota composta por triciclos, motos e minitrucks elétricos, adaptados para diferentes tipos de carga.

Tem cliente que precisa transportar muito volume com pouco peso; outros, como supermercados, exigem veículos mais robustos. O desafio é equilibrar peso, volume e autonomia, ainda um gargalo dos elétricos no Brasil", explica.

Mais do que coletar e entregar pedidos, a Grilo quer se posicionar como parceira estratégica de seus clientes. Cada novo contrato começa com uma etapa de consultoria e projeto-piloto. "Gostamos de entender a dor da empresa, ajustar a operação e testar junto. É bacana ter sua marca atrelada à Grilo porque é sustentável, inovador e moderno, mas também é preciso volume para viabilizar a operação", diz o executivo.

A companhia também atua na logística reversa e ajuda empresas a mapear gargalos internos. "Muitas vezes já recebemos a carga com nível de serviço abaixo de 80%. Nosso trabalho é identificar falhas anteriores para que o resultado final seja positivo e o NPS, a satisfação do consumidor, se mantenha alto", afirma Novaes.

GERSON JR/DIVULGAÇÃO

Carlos Novaes

Carlos Novaes, CEO da Grilo Mobilidade

Crescimento acelerado

Enquanto o e-commerce cresce a uma taxa média de 16% ao ano no Brasil, a Grilo mantém ritmo bem mais acelerado, com CAGR (Taxa de crescimento média anual) de cerca de 150% entre 2022 e 2024. "Estamos em um mercado extremamente ineficiente e informal. Nosso papel é mostrar que dá para ser eficiente e verde ao mesmo tempo", diz o CEO.

O avanço, porém, não veio sem obstáculos. "Lançamos em 2020, no auge da pandemia. Depois, tivemos a suspensão em São Paulo e, em 2024, enfrentamos a enchente em Porto Alegre. O conselho que eu daria para o Carlos de 2020 seria: esteja preparado para os incontroláveis, muito mais do que imagina", reflete.

Com clientes em setores como farmacêutico, alimentício e eletroeletrônicos, a Grilo aposta em expandir a frota elétrica e consolidar contratos de last mile em São Paulo e Porto Alegre. Para o segundo semestre, a meta é aproveitar datas sazonais como Black Friday e Natal para fechar projetos de conversão de rotas inteiras para veículos elétricos.

"Nosso crescimento tem mostrado que a logística urbana pode ser premium, sustentável e segura. E o last mile é o coração disso tudo", conclui Novaes.

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