GRUPO FLEXÍVEL
Grupo Flexível aposta em poliuretano sustentável e já cresce mais de 50% em produção. Empresa projeta expansão internacional e novos mercados.
DIVULGAÇÃO
Christiano Junkes, fundador do Grupo Flexível, na frente da fábrica da empresa em Jaraguá do Sul
Publicado em 24/9/2025 - 10h00
De uma prancha de bodyboard à carroceria frigorífica de um caminhão, a base pode ser a mesma: poliuretano (PU) desenvolvido sob medida pelo Grupo Flexível, de Jaraguá do Sul (SC). Fundada por Christiano Junkes em 1999, a empresa se consolidou como fornecedora de soluções químicas customizadas para diferentes setores da indústria brasileira e vive um ciclo de forte expansão.
"Gosto de dizer que a química em si não é um bicho de sete cabeças, o verdadeiro desafio está em transformar esta química em processos e soluções sob medida para diferentes propósitos. E este sempre foi o DNA do Grupo Flexível", afirma Junkes, presidente da companhia, em entrevista ao Economia Real.
A versatilidade do poliuretano permitiu atender desde o setor esportivo, com a Surf Radical, fabricante de pranchas em Itapema (SC), até o setor logístico, com a HC Hornburg, produtora de carrocerias frigoríficas em Jaraguá do Sul. Ambos são clientes de longa data, com parcerias que já duram 17 anos.
"Muitas indústrias químicas fabricam o PU, mas poucas se preocupam em desenvolver várias formulações customizadas. Entendemos o produto, o processo produtivo, a mão de obra e o maquinário dos nossos clientes para criar um produto que atenda à qualidade exigida e facilite seu processo produtivo", reforça o empreendedor.
De consultoria em formulações, a empresa evoluiu para a fabricação de aditivos e matérias-primas em 2004 e, anos depois, para o desenvolvimento de tecnologias próprias em poliuretano. A abertura da filial em Extrema (MG), em 2020, ampliou a distribuição nacional, e a expansão da matriz em 2021 elevou a capacidade produtiva de 6 mil para 11 mil m². Em 2022, novos reatores foram instalados para acompanhar a demanda crescente.
O salto mais recente foi no campo da sustentabilidade. Em 2023, a empresa começou a produzir poliol de fontes renováveis, derivado de resíduos vegetais do agronegócio. Estudos apontam que o produto reduz em até 90% a emissão de gases de efeito estufa em relação ao poliol tradicional, obtido do petróleo. No setor calçadista, já representa 64% da formulação usada em palmilhas sustentáveis.
O desempenho financeiro confirma a estratégia. Entre 2022 e 2023, a produção cresceu mais de 50% em volume, o número de colaboradores subiu 53% e o faturamento avançou 29%, com 474 novos clientes conquistados. Para este ano, a meta é aumentar a produção em mais 20%.
Nem sempre, porém, a trajetória foi linear. A pandemia trouxe dificuldades no abastecimento de insumos importados, comuns ao setor químico. A solução encontrada foi diversificar fornecedores e reorganizar processos internos. O aprendizado ficou claro: manter a inovação como eixo central de crescimento.
"Todos os produtos e inovações que criamos são feitos para ajudar nossos clientes a criarem produtos mais sustentáveis e que atendam aos anseios do consumidor final. Hoje posso dizer que tenho muito orgulho de tudo que conquistamos, da cultura organizacional que construímos e das parcerias de sucesso que acumulamos", afirma Junkes.
O futuro do Grupo Flexível passa pela expansão da EVO (Soluções Termoacústicas), que fabrica o Bloco Eco e o Painel Eco, com mais de 50% de PU reciclado. Homologados pelo SENAI em 2024, os produtos já são usados no setor moveleiro para transformar portas tradicionais em soluções sustentáveis, com isolamento acústico e térmico.
Outro foco é a Polivedo, marca lançada em 2021 para atender à construção civil. O portfólio inclui impermeabilizantes, selantes, colas e, mais recentemente, uma tinta emborrachada. Parte da linha também é produzida em modelo white label para outras indústrias, o que amplia a presença da marca no mercado.
Já presente em alguns países da América Latina, a companhia projeta expandir sua atuação internacional. "Nosso propósito é continuar desenvolvendo produtos inovadores e sustentáveis, que possibilitem aos nossos clientes serem mais sustentáveis e atenderem à demanda do consumidor final que busca produtos de qualidade e que gerem menor impacto ao meio ambiente", conclui o presidente do Grupo Flexível.