DENTRO DOS NEGÓCIOS
Especialista em scale-ups, Tiago Patrício ensina como diagnosticar gargalos, priorizar ações com a Matriz GUTI e crescer com apoio de outros empresários.
ILUSTRAÇÃO/CHATGPT
Ilustração de pessoa subindo escada rumo ao objetivo; conheça os quatro passos para escalar
Publicado em 4/8/2025 - 8h00
Muitos empresários de pequenas e médias empresas enfrentam o mesmo dilema: crescem, mas perdem o controle. Ou tentam resolver tudo ao mesmo tempo e, no final, não resolvem nada. Para Tiago Patrício, fundador da comunidade de empresários allhands, a resposta passa por algo simples, mas negligenciado: um diagnóstico objetivo do que, de fato, está travando o crescimento da empresa.
"O empreendedor brasileiro, no geral, não sabe onde está o seu gargalo. Ele sente dor, mas não nomeia. E aí, atira para todos os lados. Contrata consultoria de marketing quando o problema é financeiro. Faz rebranding quando o gargalo está nos processos. Isso custa caro e não resolve", explica Patrício em entrevista ao Economia Real.
Atualmente, a comunidade reúne cerca de 80 membros, com mais de 50 áreas de atuação diferentes: como saúde, tecnologia, arquitetura, moda, gastronomia e serviços. "Nosso lema é repertório. Todo negócio precisa das mesmas bases: gestão financeira, cultura, planejamento. Por isso, a pluralidade enriquece a troca", reforça.
Segundo o criador da comunidade, um dos maiores entraves à evolução das empresas está na mentalidade do empreendedor. "A jornada do empresário é solitária. Ele não tem com quem dividir suas dores. E, muitas vezes, não tem coragem de ser vulnerável. Mas é essa coragem que muda tudo", afirma.
À reportagem, ele admite que vendeu mal uma de suas empresas em 2013 por não ter aberto o processo com outros empresários. "Hoje, com uma rede, eu não erro pequeno", reforça.
diVULGAÇÃO/ALLHANDS
Tiago Patrício, fundador da comunidade de empresários allhands
Ao Economia Real, Patrício compartilha um plano de quatro etapas para quem deseja escalar seu negócio com base no que realmente importa. São elas:
Antes de começar qualquer plano de ação, o allhands aplica um dossiê completo nos negócios que entram na comunidade. A metodologia avalia os últimos três anos da empresa, com foco em:
"Só depois disso conseguimos dizer: sua dor está aqui. E aqui está o que precisa ser feito nos próximos 90 dias", resume.
Após identificar o problema, o passo seguinte é priorizar as soluções. Para isso, o allhands usa uma adaptação da famosa Matriz GUT, chamada GUTI, que inclui um quarto fator: o impacto no negócio. A ferramenta avalia:
"A gente não deixa o empreendedor sair com 20 tarefas. Ele sai com três prioridades bem claras. E a primeira costuma ser o que ele vem adiando há meses", comenta.
Além do diagnóstico e da priorização, Patrício defende que a jornada de crescimento exige um ambiente de confiança para se vulnerabilizar. "A maior trava não é técnica. É emocional. O empresário precisa ter coragem de dizer: 'Não sei'. Quando ele entra num espaço onde não será julgado por isso, ele começa a destravar", afirma.
Nos encontros do allhands, o Hot Seat é o momento mais esperado: um membro apresenta um problema real e ouve conselhos objetivos dos demais. "Não tem teoria. Tem dono de negócio dizendo o que fez, o que deu certo e o que deu errado", reforça.
O plano prático e a rede de apoio só têm valor se forem acompanhados de execução. "A gente cobra. O empresário tem que fazer, tem que voltar e dizer o que aconteceu. É assim que ele evolui. O empreendedor que se isola, quebra. O que compartilha, cresce", finaliza Patrício.
Este conteúdo faz parte do quadro Dentro dos Negócios. Todas às segundas, publicamos reportagens com aprendizados práticos de gestão, direto de quem vive os bastidores de empresas.