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Freela, CLT ou PJ? Veja qual contrato de trabalho combina com seu momento

Freelancer, CLT ou PJ? Veja vantagens e desvantagens de cada contrato de trabalho, entenda a pejotização e descubra qual modelo combina com você.

MARCELO CAMRGO/AGENCI BRASIL

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Publicado em 29/8/2025 - 11h00

Freelancer, CLT ou PJ? A escolha do regime de trabalho pode definir não apenas sua renda, mas também seus direitos e responsabilidades. Enquanto o modelo CLT assegura benefícios como férias e 13º salário, o PJ (Pessoa Jurídica) oferece mais autonomia e possibilidade de ganhos variáveis. Já o freela, contratado por projeto, traz flexibilidade, mas exige organização para lidar com períodos sem demanda.

Mas existe um modelo financeiramente mais vantajoso? Nem sempre. Segundo Giovanni Cesar, professor de Direito do Trabalho e autor do livro A Arte da Audiência Trabalhista, o valor líquido pode até ser maior em alguns formatos, já que não há descontos, mas isso implica abrir mão de garantias e benefícios.

"Embora ele ganhe mais diretamente, porque não tem desconto, ele perde a longo prazo. Não dá para dizer qual é mais vantajoso. Isso vai depender da demanda de cada um", afirma Cesar em entrevista ao Economia Real.

Na hora de decidir entre CLT, PJ ou trabalho freelancer, é importante avaliar fatores como salário, benefícios, estabilidade e liberdade, sem esquecer de considerar o perfil e o momento de vida.

"Às vezes a pessoa valoriza mais a liberdade de horário. A gente sabe que a CLT não dá essa liberdade, aquele horário das 8h às 18h, de segunda a sexta, e você não tem muita margem para isso. O contrato PJ já dá uma margem maior", comenta o especialista.

Regime de Trabalho Vantagens Desvantagens
Freelancer Flexibilidade total de horários e projetos. Autonomia para escolher trabalhos e clientes. Incerteza na demanda e renda variável. Sem garantias de direitos trabalhistas. Exige organização para períodos sem trabalho.
CLT Benefícios garantidos: férias, 13º salário, plano de saúde, estabilidade. Direitos trabalhistas protegidos por lei. Maior segurança contra demissão arbitrária. Menor liberdade de horário (ex.: 9h às 18h). Modelo considerado ultrapassado para novas formas de trabalho.
PJ (Pessoa Jurídica) Maior autonomia e flexibilidade de horários. Potencial para ganhos líquidos maiores (sem impostos trabalhistas). Contratos podem ser negociados conforme necessidade. Ausência de direitos trabalhistas como férias, 13º e plano de saúde. Pode ser usado para burlar direitos (pejotização). Riscos financeiros maiores e falta de estabilidade.

Ao optar por um contrato PJ ou um trabalho freelancer, é essencial conhecer claramente seus direitos e deveres antes de fechar o acordo. "O que foi negociado é o que vale. Se não foi estipulado, por exemplo, que você teria um período de descanso a cada ano trabalhado ou vale-transporte para ir à empresa, você não terá direito a isso", reforça Cesar.

O futuro do mercado de trabalho

O mercado de trabalho está em constante transformação, e cada vez mais empresas optam pelo modelo PJ. Embora a CLT ainda seja relevante, muitos a consideram ultrapassada diante das novas formas de atuação.

"A gente vê novas gerações, novas demandas de emprego, trabalho em plataforma, e aquele modelo de entrar no trabalho às 9h, sair às 18h, com uma hora de intervalo, ficou para trás. O funcionário hoje está interconectado, está em casa respondendo e-mail, está no trabalho resolvendo algo do filho, está nas redes sociais. Esse modelo CLT acabou ficando para trás", explica.

Apesar das críticas à CLT, o especialista alerta que a solução não está simplesmente na migração para o regime PJ. A chamada pejotização, quando empresas contratam como pessoa jurídica para funções típicas de empregados, pode representar perdas significativas de direitos e abrir espaço para abusos.

"O problema é que a gente não tem outro modelo para colocar no lugar. A pejotização também é um retrocesso, porque há contratos de PJ que servem só para burlar o direito trabalhista. O funcionário não tem direito ao mínimo, mas cumpre todos os deveres que a CLT exige. Ele tem que chegar no horário, mas não tem nenhum direito celetista. Esse contrato de PJ muitas vezes é usado, da onde vem o termo 'pejotização', para burlar o direito trabalhista. Então eu não entendo que o contrato PJ seja o futuro, mas entendo que a sociedade precisa pensar em uma nova forma de contrato, porque a CLT não atende mais", conclui.

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