CARAMELO SALGADO

Ela transformou a 'baunilha da Amazônia' em negócio milionário

TEREZA MACIEL/DIVULGAÇÃO

Ensaio fotográfico com Juliana Monteiro, fundadora da Jucarepa

Juliana Monteiro, fundadora da Jucarepa; startup da Amazônia já faturou R$ 1,1 milhão

Publicado em 11/10/2025 - 8h00

Durante um curso de plantas e sementes na Embrapa, a paraense Juliana Monteiro percebeu que a Amazônia "cabia" dentro de um pote de doce de cumaru, semente de aroma intenso e sabor amendoado, apelidada popularmente de "baunilha da Amazônia". A partir dessa descoberta, ela transformou a experiência gastronômica na Jucarepa, uma startup de biotecnologia e alimentos que já movimentou R$ 1,1 milhão nos últimos quatro anos com a produção e venda de produtos à base da iguaria regional.

"Quando morava no Rio de Janeiro, tinha uma confeitaria e percebi que o cumaru tinha uma força enorme, um potencial que ia muito além dos doces. Eu queria que ele representasse a Amazônia com tecnologia, ciência e renda justa", conta Juliana Monteiro, fundadora da Jucarepa, em entrevista ao Economia Real.

Hoje, a startup abastece sorveterias, cafeterias, buffets e restaurantes no Brasil, Itália, França e Holanda. "Nosso propósito permanece o mesmo que nos motivou no início: gerar valor de ponta a ponta, da semente ao produto final, com tecnologia local, renda justa na base e um portfólio que coloca a Amazônia em padrões globais", afirma a empreendedora.

O carro-chefe da marca é o caramelo salgado de cumaru, que vende entre 600 e 800 unidades por mês e já foi destaque em feiras internacionais como a SIAL Paris (França) e a AAHAR (Índia). O produto nasceu da união entre confeitaria artesanal e tecnologia alimentar, ao combinar doçura, sal e notas aromáticas de especiarias, amêndoas e baunilha — resultado de um processo padronizado que garante estabilidade sensorial e qualidade premium.

Para tirar o projeto do papel, Juliana investiu R$ 100 mil do próprio bolso. Além do reconhecimento financeiro, a Jucarepa recebeu prêmios como o Açaí de Ouro, entregue após a participação na aceleração Jornada Amazônia, realizada em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA).

DIVULGAÇÃO

Salgado de Cumaru

Caramelo de cumaru da Jucarepa

"Verticalizamos etapas (desidratação e beneficiamento no nosso espaço em Belém), estruturamos compras diretas com comunidades e agricultores familiares e desenvolvemos processos próprios de padronização do cumaru. No mercado, lançamos o caramelo de cumaru como produto âncora para apresentar o ingrediente à confeitaria, sorveterias, restaurantes, cafés e bebidas premium", explica a empresária.

Mais do que inovação gastronômica, o modelo de negócios da Jucarepa tem impacto direto em comunidades do oeste do Pará, em regiões como Óbidos, Alenquer e Monte Alegre. A startup atua com compras diretas e ao fortalecer cadeias produtivas sustentáveis e incentivar a manutenção da floresta em pé — se torna um exemplo da bioeconomia amazônica como motor de desenvolvimento.

Além do caramelo, o portfólio da marca inclui grãos e pó de cumaru, com foco no mercado B2B de chocolates, bebidas e temperos. Um novo projeto aposta em extrato comestível de cumaru, desenvolvido com biotecnologia avançada, abrindo caminho para a expansão internacional.

Além da atual exportação, a Jucarepa tem percebido um interesse crescente dos países europeus nos produtos: "Inclusive, na França ele foi muito bem recebido e comparado a um caramelo muito comum por lá, o caramel au beurre salé", conta Juliana. Na Índia, o resultado foi igualmente positivo. Segundo a empreendedora, o público indiano já está acostumado com sabores de especiarias e aprecia doces intensos.

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