NOVA REGRA

Por que 1 milhão de famílias perderam o Bolsa Família em julho?

Governo retira 1 milhão de famílias do Bolsa Família em julho após aumento de renda; Regra de Proteção e Cadastro Único explicam mudanças.

LYON SANTOS/MDS

Criança segura cartão do Bolsa Família; entenda as mudanças que impactaram 1 milhão de famílias

Publicado em 18/7/2025 - 11h45

Em julho, cerca de 1 milhão de famílias deixaram de receber o Bolsa Família. De acordo com informações divulgadas nesta sexta (18) pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, o motivo desse desligamento foi o aumento da renda mensal familiar, que as retirou dos critérios de elegibilidade para o benefício.

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"Isso é fruto de um trabalho de qualificação profissional, apoio ao empreendedorismo, garantindo que as pessoas tenham uma condição de elevar a renda. Com isso, elas saem do Bolsa Família, mas não saem do Cadastro Único. Se lá na frente elas perderem o emprego, voltam automaticamente para o programa", explica o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, em vídeo enviado à imprensa.

De acordo com a pasta, a maior parte (536 mil lares) atingiu o limite da Regra de Proteção, um mecanismo que permite a continuidade parcial do Bolsa Família quando a família começa a melhorar de vida.

Esses beneficiários recebiam há 24 meses apenas 50% do valor original, pois sua renda per capita havia subido para a faixa entre R$ 218 (valor mínimo para entrada no programa) e meio salário mínimo, cerca de R$ 706. Ao fim desse período, a legislação prevê o desligamento automático do programa.

Outras 385 mil famílias ultrapassaram o teto da Regra de Proteção, com renda superior a R$ 759 por pessoa, e também foram excluídas do benefício.

O que é a Regra de Proteção?

Criada na reformulação do Bolsa Família em 2023, a Regra de Proteção funciona como uma rampa de transição para famílias que começam a superar a linha da pobreza. Em vez de perder o benefício de forma imediata, essas famílias recebem metade do valor por até dois anos.

O objetivo é incentivar a autonomia financeira, sem penalizar quem conquista aumento de renda. Após esse período, caso voltem à situação de vulnerabilidade, essas famílias contam com o Retorno Garantido, que assegura prioridade para o reingresso no programa.

Cadastro Único mais moderno e preciso

A saída em massa de beneficiários também está ligada à modernização do Cadastro Único (CadÚnico), implementada em março. Com a integração de bases de dados como o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), o sistema passou a atualizar automaticamente a renda das famílias, com mais precisão. Isso permite que o governo identifique quem ainda precisa do Bolsa Família e quem pode seguir sem o auxílio.

Desde 2023, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS) tem intensificado a qualificação dos dados. Com as exclusões mais recentes, 8,6 milhões de famílias já deixaram o programa por não se enquadrarem mais nos critérios de pobreza. A meta do governo é retirar o Brasil do Mapa da Fome até 2026, como ocorreu em 2014.

Renda, emprego e mobilidade social

Em 2024, 98,87% das vagas formais de emprego foram preenchidas por pessoas registradas no CadÚnico. Destas, 75,5% integravam o Bolsa Família. O avanço na mobilidade social também se reflete nos números: metade da população brasileira agora pertence à classe média, com renda individual acima de R$ 3,4 mil, quase 1 milhão dessas pessoas estavam no CadÚnico.

Com esse novo cenário, o governo atualizou as regras do programa. A partir de julho, famílias que aumentaram a renda per capita para valores entre R$ 218 e R$ 706 passam a integrar a nova Regra de Proteção por 12 meses, recebendo 50% do valor do benefício. A mudança segue os parâmetros internacionais de pobreza, usados por instituições como o Banco Mundial.

Famílias com renda considerada estável, como aposentados, pensionistas e beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC), poderão continuar no programa por mais dois meses após ultrapassarem o limite de renda. A medida garante uma transição segura para quem já conta com outra forma de proteção social. No caso de pessoas com deficiência que recebem o BPC, o tempo na Regra de Proteção permanece de 12 meses, devido às revisões periódicas desses benefícios.

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