ALLTERRA
Allterra quer liderar a transição para a agricultura regenerativa no Brasil com soluções biológicas, aumento de produtividade e solo mais vivo.
JED OWEN/UNSPLASH
Homem cuida do solo em fazenda; Allterra desenvolve soluções de agricultura regenerativa
Publicado em 3/8/2025 - 11h05
Os empreendedores do agronegócio sabem que não basta cuidar da safra atual: é preciso assegurar a saúde do solo para as próximas temporadas. Esse é o princípio da agricultura regenerativa, que inspirou o fundo de investimentos Patria a criar a Allterra com uma meta ambiciosa: ser referência na transição da agricultura convencional para um modelo biológico, mais eficiente e sustentável.
"A Allterra surge como um dos propulsores dessa mudança. A gente acredita em um equilíbrio maior entre química e biologia, usando tecnologias que promovam solos mais vivos, produtivos e resilientes", afirma Eduardo Navarro, CEO da Allterra, em entrevista ao Economia Real.
A nova companhia surgiu da integração entre as empresas Microgeo e TMF Fertilizantes, com foco no uso racional do solo e na saúde das plantas. A Allterra aposta em soluções que dispensam processos agressivos, como aração e subsolagem, com o intuito de promover uma produção mais sustentável.
A tecnologia da TMF, por exemplo, permite que o cálcio (normalmente imóvel no solo) atinja camadas mais profundas sem necessidade de revolvimento, o que favorece o plantio direto. Já a Microgeo atua na reposição de microrganismos essenciais, promovendo raízes mais profundas e produtivas.
Segundo Navarro, os resultados já são visíveis no campo. Fazendas que adotaram as soluções antes mesmo da criação da Allterra reportaram aumento de produtividade, maior profundidade radicular e melhor desempenho em períodos de seca.
Com uma raiz curta, o estresse hídrico vem rápido. Mas quando a planta enraíza a 60 cm, o solo aguenta até 15 dias sem chuva sem afetar a produtividade. Isso é resiliência", explica.
Um exemplo prático vem de uma fazenda em Pirassununga (SP), que elevou sua produtividade em 25% entre 2020 e 2022 ao adotar práticas como rotação de culturas, uso de bioinsumos e cobertura permanente do solo. "Esse número é gigante. Estamos falando de dois dígitos de crescimento em comparação à agricultura convencional da mesma região", reforça Navarro.
diVULGAÇÃO
Eduardo Navarro, CEO da Allterra
Apesar do boom do agronegócio em 2021 e 2022, o setor enfrentou uma retração em 2023 e 2024. Ainda assim, a Allterra projeta um crescimento exponencial nos próximos cinco anos. "O Brasil é cíclico. O segredo é estar preparado para absorver o crescimento quando ele vier. E ele vai vir", afirma Navarro.
Com a integração das duas empresas em curso, a Allterra aposta em ampliar sua presença nacional e apoiar o produtor rural em todas as etapas da transição para uma agricultura regenerativa.
"Queremos acompanhar o produtor da primeira até a vigésima quinta safra. É um processo contínuo, sem começo, meio e fim. E nosso papel é ser parceiro nessa jornada", complementa o executivo, que não abre os números de faturamento nem as projeções financeiras da companhia. No entanto, quando o Pátria anunciou o lançamento da Allterra, em 2024, a companhia disse ao AgFeed que esperava terminar o ano com R$ 300 milhões em faturamento.
Para os empreendedores do agro que deseja iniciar a transição do solo, Navarro sugere três passos práticos a pedido da reportagem:
"É como ir ao médico e fazer todos os exames, não só os básicos. Quanto mais completo o diagnóstico, melhor será o tratamento, e mais rápidos os resultados", conclui Navarro.